Túmulo de Clara Nunes tem objetos furtados

O túmulo da cantora Clara Nunes (1942-1983), no Cemitério São João Batista, em Botafogo, Zona Sul do Rio, teve quatro argolas furtadas. O sumiço dos objetos foi notado por um fã, que mora em Minas Gerais, e visita a sepultura, feita de mármore branco, quando vem ao Rio.
No dia 7 de março de 2021, Vailton Rocha, de 53 anos, registrou uma foto do túmulo da artista, que morreu há 40 anos, durante uma de suas visitas. Já no último domingo (9), o fã tirou uma nova fotografia e notou uma diferença. “Realmente furtaram as argolas. Isto é um absurdo”, escreveu o homem nas redes sociais. Não é possível, no entanto, afirmar quando as alças desapareceram e se, realmente, são de bronze, como relatam os fãs.
Ao DIA, Vailton disse ter ficado triste com episódio. “Vendo as fotografias, percebi que o jazigo estava sem as quatro argolas. O túmulo está até bem conservado, mas sem os objetos de bronze agora.” Ele contou, ainda, que começou sua idolatria por Clara Nunes com a música “Feira de Mangaio”, na década de 1970. “Quando eu tinha 10 anos, pedi para minha mãe comprar o LP e ficava ouvindo. Acho que ela tem um jeito diferente de interpretar. Tenho uma identificação grande por ela ser mineira também. Vou gostar pra sempre”, disse.
Constantemente, o túmulo de Clara recebe muitos fãs no São João Batista. Sobre isso, o sobrinho da artista, Márcio Guima, 58, disse que as visitas podem ser comparadas à uma peregrinação e lamentou o furto. “O túmulo dela é muito visitado. Existe uma aura na Clara que trouxe um pessoal do espiritualismo, de várias vertentes e, por isso, fãs vão anualmente no jazigo. É uma pena que esses furtos aconteceram. Muito triste”, comentou.
Procurada, a Polícia Militar informou que não realiza patrulhamento no interior de cemitérios. A segurança do São João Batista, no caso, é de responsabilidade da concessionária Rio Pax, que administra o local.
Questionada, a empresa ainda não se manifestou sobre o caso. O espaço segue aberto.
Trajetória de sucessos
Intérprete de sucessos como “O Mar Serenou”, “Feira de Mangaio” e “Canto das Três Raças”, a mineira Clara Nunes, que nasceu em Caetanópolis, começou cantando nos bares de Belo Horizonte. Seu primeiro trabalho profissional foi uma participação no disco “Os Vibrantes: 25 anos da Rádio Inconfidência”, em 1961.
Clara foi a primeira cantora brasileira a vender mais de cem mil exemplares - Divulgação / MAR
Clara foi a primeira cantora brasileira a vender mais de cem mil exemplaresDivulgação / MAR
Após vir para o Rio, lançou seu primeiro LP: “A Voz Adorável de Clara Nunes”, em 1966. Na Cidade Maravilhosa, passou a frequentar a quadra da Portela e desenvolveu forte conexão com compositores do samba. Em seguida, conheceu terreiros de religiões de matriz africana e se apaixonou pelo candomblé. Em 1971, a sambista se ligou à umbanda, religião que dedicou-se até sua morte.
Ao todo, Clara gravou 17 discos – foi a primeira cantora brasileira a vender mais de cem mil exemplares com um álbum. “Nação”, de 1982, um ano antes de sua morte, foi seu último trabalho. Muito carismática, Clara consagrou-se por registrar canções de diversos ritmos, pelos figurinos brancos e pela valorização da cultura afro-brasileira. Foi a artista que mais lançou clipes no programa “Fantástico”, da TV Globo.
No dia 5 de março de 1983, aos 40 anos, o prenúncio da tragédia: em uma cirurgia para retirar varizes, a artista teve uma reação alérgica à anestesia. Clara teve uma parada cardíaca e ficou internada 28 dias na Clínica São Vicente, na Gávea, Zona Sul do Rio. Após quase um mês em coma, a cantora morreu. O corpo foi velado na quadra da Portela, em Madureira.
Após um relacionamento com o produtor Adelzo Alves, responsável pelos discos com os quais Clara “estourou” no Brasil, a artista se casou com o compositor Paulo César Pinheiro. Eles não tiveram filhos.
Em Caetanópolis, um memorial guarda figurinos, troféus, fotos, discos e outros objetos da cantora.

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