Polícia e GCM fazem operação na Cracolândia, no Centro de SP

A Polícia e a Guarda Civil Metropolitana fazem uma operação conjunta na manhã desta sexta-feira (18) na Cracolândia, no Centro de São Paulo.

Os agentes abordam usuários no chamado “fluxo”, local onde ocorre a venda e o consumo da droga. Ainda não há informação sobre detidos e o motivo da operação.

Segundo informações iniciais, agentes da polícia civil realizam abordagens a alvos identificados. A GCM atua na contenção dos usuários. GCM atua no local com 12 viaturas, 36 integrantes e nove motociclistas.

Crescimento

Cerca de 1.200 pessoas foram flagradas todos os dias na Cracolândia durante os sete primeiros meses deste ano, segundo levantamento feito pela Prefeitura de São Paulo.

De acordo com os dados, a média diária de usuários cresceu 27,8% de janeiro a julho de 2023. A gestão municipal disse que o levantamento é feito por meio de imagens captadas por drones.

Violência e insegurança

A região reflete a espiral da violência na capital paulista. O problema se arrasta há décadas e é tratado de diferentes formas a cada nova gestão.

Na noite desta terça (15), a polícia usou bombas de efeito moral e balas de borracha contra os usuários. O porteiro de um prédio na região morreu vítima de latrocínio.

Nos últimos anos, a prefeitura e o estado passaram a realizar ações policiais para dispersar usuários de drogas que ficavam concentrados em determinadas ruas.

A medida fez com que os usuários se espalhassem pela região e afetou a vida de comerciantes e moradores, que relatam o aumento da violência e insegurança.

Debate na Câmara

Por conta dos problemas, a prefeitura enviou à Câmara um projeto que propõe isentar de IPTU imóveis da região. Nesta quarta (16), a Câmara aprovou o PL em primeira votação

O texto recebeu 40 votos favoráveis, 6 votos contrários e 5 abstenções. Agora, o texto passará por três audiências públicas antes de retornar ao plenário para a segunda votação.

A primeira audiência pública, da Comissão de Política Urbana, está marcada para o dia 18 de agosto, às 11h. A segunda ainda não tem data definida. Na terceira, também ainda não marcada, a Câmara vai apresentar um texto substitutivo com possíveis alterações ao original.

O líder do governo, vereador Fabio Riva (PSDB), disse que para aumentar o número de imóveis será necessário apresentar um estudo de impacto e também de responsabilidade fiscal.

O PT votou contra, e a bancada do PSOL se absteve. O vereador Senival Moura (PT), líder da oposição na Câmara, afirmou que, dos 947 imóveis contemplados pelo projeto, 619 não estão nos trechos indicados pelo Executivo. E que 46% dos contemplados já são isentos do IPTU.

À TV Globo, a oposição informou que somente se prazo e trechos forem estendidos eles podem mudar de posicionamento na segunda votação.

Na mesma semana, em entrevista à GloboNews, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) disse que o projeto foi baseado na localização do chamado “fluxo” de usuário, local onde é feito a venda e o consumo de drogas.

“O parâmetro do critério é de que os boletins que são emitidos diariamente pela secretaria de segurança urbana e secretaria de saúde, definem quais são as ruas que têm a concentração de pessoas naquela região”, afirmou Nunes em entrevista à GloboNews.

Entretanto, ele não descartou que alterações possam ser feitas no texto durante debate na Câmara, dentre elas, a ampliação do número de contemplados. Pelo texto, 947 imóveis localizados em seis ruas selecionadas serão beneficiados.

“Quando a gente manda um projeto para a Câmara Municipal, ele não está ali fechado. De regra geral, sempre tem contribuições e alterações no projeto”, afirmou.

Comerciantes de ruas como a Santa Ifigênia, que ficou de fora da proposta, reclamam dos critérios, uma vez que o impacto da violência e insegurança é sentido por uma área muito mais abrangente.
Intervenção na Cracolândia

Em julho, a Defensoria Pública do Estado divulgou um relatório que aponta a ineficácia da estratégia de intervenção policial adotada ao longo dos últimos anos para lidar com a questão da Cracolândia.

Ainda segundo o relatório, 90% das prisões em massa realizadas na região durante a 6ª fase da Operação Caronte — apelidada por um dos detidos de “Operação Cachimbo” —, foram consideradas ilegais pela Justiça e arquivadas.

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