Operação para prender filho de El Chapo deixa 29 mortos no México

A operação para prender Ovidio Guzmán, filho do narcotraficante Joaquín “El Chapo” Guzmán e um dos líderes do Cartel de Sinaloa, no Noroeste do México, na quinta-feira, deixou 10 militares e 19 supostos criminosos mortos, informou o governo mexicano nesta sexta-feira. Outros 35 soldados foram feridos por arma de fogo e estão recebendo atendimento hospitalar, enquanto 21 suspeitos foram presos.

— Dez militares (…) infelizmente perderam a vida no cumprimento do dever — disse à imprensa o secretário de Defesa mexicano, Luis Cresencio Sandoval, afirmando que “também foram registradas 19 mortes de infratores”.

Um coronel que comandava um batalhão de infantaria está entre os mortos, depois que sua patrulha foi atacada na cidade de Culiacán por criminosos que tentavam resgatar Ovidio Guzmán após a captura — o jovem de 32 anos, conhecido como “El Ratón”, é um dos herdeiros do império do tráfico de droga deixado pelo pai, condenado à prisão perpétua nos Estados Unidos. Segundo Sandoval, que acompanhou o presidente Andrés Manuel López Obrador em sua entrevista coletiva diária, “não há informações sobre nenhum civil inocente que tenha perdido a vida”.

O presidente, por sua vez, afirmou que “tudo está sendo feito” para que Culiacán volte à normalidade, pois já “há uma calma nestas últimas horas”, e também defendeu a atuação das forças de segurança, dizendo que “agiram com responsabilidade para cuidar da população”.

— À população de Sinaloa enviamos nossa solidariedade, nosso apoio para que possam recuperar a normalidade o mais rápido possível — acrescentou López Obrador.

O filho de El Chapo foi levado para uma prisão em El Altiplano, a centenas de quilômetros de Culiacán, mesmo local de onde seu pai fugiu em 2015 antes de ser recapturado e extraditado para os EUA.

Um contingente de cerca de 4.500 soldados permanece mobilizado em Culiacán e nos arredores para retomar o controle após a ação dos criminosos. Os agentes já removeram dezenas de carros roubados e queimados por toda a cidade de 800 mil habitantes, em cujas ruas se travaram ferozes batalhas que chegaram ao aeroporto internacional.

Em alguns pontos, porém, o trânsito continuou interrompido por veículos reduzidos a cinzas, mas não foram registrados novos confrontos ou bloqueios de vias. O terminal aéreo de Sinaloa permaneceu fechado até o início da tarde desta sexta-feira, quando foi anunciada sua reabertura.

A violência em Culiacán teve início na quinta-feira, quando supostos integrantes do grupo criminoso conhecido como Los Chapitos, do Cartel de Sinaloa, causaram caos na capital e em outras cidades, com incêndios, tiroteios e estradas bloqueadas.

Em meio à ofensiva, também foram atingidos por disparos um avião de passageiros — momentos antes da decolagem — e duas aeronaves da Força Aérea Mexicana. Os aviões oficiais “tiveram que fazer um pouso de emergência, apesar de terem recebido um número significativo de impactos”, disse o secretário de Defesa. Nenhum desses incidentes deixou alguém ferido. O fechamento do aeroporto provocou a suspensão de voos em diversas cidades.

O narcotraficante já havia sido preso em 2019, mas foi solto horas depois diante da escalada da violência, semelhante à vista na quinta-feira. O caos lembrou o “Culiacanazo”, como ficaram conhecidas as 24 horas de terror vividas na região após a primeira detenção de Ovidio Guzmán.

A prisão do filho de El Chapo ocorreu três dias antes da chegada ao México do presidente dos EUA, Joe Biden, e do primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau. A situação evidencia a crise de violência no país na semana em que a equipe de Biden foi vista preparando os detalhes do esquema de segurança para a sua visita.

Fundado há quatro décadas por El Chapo, o Cartel de Sinaloa é considerado pela agência antidrogas americana (DEA) como o principal responsável pelo tráfico de fentanil, droga 50 vezes mais potente que a heroína e que já causou inúmeras mortes por overdose naquele país.

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