Escola particular investigada por maus-tratos, na Zona Sul de SP, foi denunciada por funcionária em 2016

A escola particular Pequiá, no Cambuci, na Zona Sul de São Paulo, já foi denunciada por uma ex-funcionária na ouvidoria da Secretaria de Educação do estado em 2016. A Polícia Civil investiga denúncias de maus-tratos em alunos dentro da escola.

“Eu mandei o email no horário de almoço, afirmando que os donos maltratavam as crianças, xingavam e aplicavam punições. Na época, me disseram que eu deveria procurar a Secretaria e me expor, algo que eu não queria”, afirmou a ex-professora à TV Globo.

Em nota, a pasta informou que faz apenas a verificação pedagógica e que, diante das denúncias recebidas abriu um processo administrativo para averiguação. Disse ainda que as questões criminais são lidadas pelos órgãos de segurança competentes.

O delegado Fábio Daré, responsável pela investigação aberta após denúncias de maus-tratos a alunos afirmou que os registros de flagrante mostram “situações vexatórias”. A polícia pediu a prisão temporária dos dois donos

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) informou que está aguardando um parecer judicial sobre o pedido de prisão temporária de 30 dias dos donos da escola.

Segundo o delegado do caso, além das imagens, os relatos parecidos em todos os depoimentos foram decisivos para a investigação, e aguarda a decisão da Justiça.

“A princípio [a investigação] foi [aberta] por maus-tratos e submeter criança a situação vexatória. Mas pelos relatos, pela gravidade dos relatos, eu incluí a tortura. Por alguns indícios que eu tinha das oitivas. As filmagens são tristes, revoltantes e isso causou muita revolta na gente, nas mães, nos pais.”

Na delegacia, ao menos 12 pais e mães, além de duas professoras, já prestaram depoimento. Os casos foram descobertos porque uma das professoras, depois de testemunhar cenas de maus-tratos e humilhações, conseguiu esconder o celular e gravar. Uma foto mostra um menino amarrado pela blusa em um poste.

Em outra gravação, uma mulher grita para que uma menina de um ano e meio guarde os brinquedos.

“Fiquei horrorizada. Chorei, chorei, não podia acreditar. Não dava pra acreditar que tava acontecendo isso”, disse Carina Pereira, a mãe de uma aluna.

Ivan Luís Prior Pecchi e Tania Cellia Regis Recchi procuraram a delegacia. O filho deles tem 5 anos e estava matriculado desde os 11 meses. Eles contam que os donos da escola tentavam impedir o contato entre pais e professores.

“Faziam de tudo pra gente não ter acesso, para não trocar informações. E com os professores eram a mesma coisa. A gente não podia ter acesso a nenhum professor.”

Professora gravou

Com as provas, ela procurou algumas mães de alunos e foi até delegacia do bairro no último domingo (18). No boletim de ocorrência, a professora relatou punições, humilhações e agressões impostas às crianças quando algo não acontecia como esperado pelos donos.

“As fotos e os vídeos que a gente tem não é nem metade das coisas que eles faziam. Eles gritavam muito com as crianças, tem até o quarto escuro, que muitas crianças falam e era praticamente um quarto de castigo”, disse a professora Anny Garcia Junqueira, que fez a denúncia.

O que diz a defesa

A defesa de Andrea Carvalho Alves Moreira e Eduardo Mori Kawano disse que ainda não teve acesso ao inquérito, e que, por enquanto, pode esclarecer que os donos da escola negam veementemente as acusações e são totalmente inocentes.

A Secretaria Estadual da Educação informou que abriu um processo administrativo diante das denúncias recebidas.

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