Em mansão de Zinho, polícia encontrou cópia de inquérito de morte ligada à disputa por milícia; caso ainda é investigado

Na mansão de Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, chefe da maior milícia do Rio, agentes encontraram uma cópia de um inquérito policial – ainda em andamento – que investiga o assassinato de um ex-policial militar.

A investigação foi enviada ao Ministério Público, que devolveu à polícia civil pedindo novas diligências.

A apreensão ocorreu em 2019, quando a polícia conseguiu o sequestro dos bens dele e de outros milicianos na época.

A principal hipótese da Delegacia de Homicídios da Capital é que o crime, ocorrido em 2017, tem ligação com a ascensão do irmão de Zinho, Wellington da Silva Braga, o Ecko, ao comando da milícia de Santa Cruz.

Antigo cartaz de procurado de Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho — Foto: Reprodução/Portal dos Procurados

Na época, Zinho era considerado um homem forte nas finanças da organização criminosa. Em 2021, ele se tornou o chefe da milícia, e comandou a organização criminosa, segundo as investigações do MP e da Polícia Federal, até se entregar à PF, no último domingo (24).

A cópia do documento encontrado na casa de Zinho, avaliada em R$ 1,7 milhão, é um inquérito da Delegacia de Homicídios da Capital que investiga a morte do ex-PM Wenderson Oliveira Rocha.

O inquérito foi remetido ao Ministério Público no início deste ano. No dia 20 de dezembro, a 4ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada reencaminhou a investigação para a DH, pedindo novas diligências.

Conhecido como “Sombra”, Wenderson era, de acordo com a investigação, cotado para assumir a chefia da milícia após a morte de Carlinhos Três Pontes, irmão e antecessor de Ecko no comando do grupo criminoso.

Ecko assumiu logo após a morte do irmão e morreu em uma operação da Polícia Civil em 2021.

A participação de Zinho na milícia foi revelada na série de reportagens Franquia do Crime, do G1, em 2018.

Com o cruzamento de dados do Ministério Público estadual, da Polícia Civil, da Secretaria de Estado de Segurança (Seseg) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o g1 mostrou que, na época, pelo menos 2 milhões de pessoas viviam em áreas dominadas por milícias no Rio de Janeiro e na Região Metropolitana.

Ex-PM foi morto dentro do próprio carro

Expulso da PM em 2008 por uma anotação criminal de roubo qualificado dois anos antes, Wenderson foi assassinado dentro do próprio carro, na madrugada do dia 19 de junho de 2017.

O crime ocorreu dois meses depois da morte de Carlinhos Três Pontes.

Segundo o que já foi investigado sobre o assassinato, o homem apontado como autor do crime, Ernanes, estava no banco do carona e atirou cinco vezes na cabeça de Wenderson.

O crime foi na esquina das ruas Cerquilha e Campestre, num local conhecido como Sete de Abril, em Paciência, também na Zona Oeste, bairro dominado pela milícia.

A investigação indica que Ernanes era ligado a Ecko. Ernanes morreu durante outra operação da Divisão de Homicídios. O suspeito teria reagido à abordagem de policiais e acabou morto.

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