PF e Exército fizeram buscas por placa de carro que, segundo delação, foi picotada após morte de Marielle
A Polícia Federal (PF) e o Exército Brasileiro realizaram buscas para encontrar possíveis resquícios da placa do carro utilizado no assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. A informação do descarte da placa foi feita na delação premiada de Élcio Queiroz, réu preso pelo crime.
Imagens obtidas pelo g1 e TV Globo mostram militares com detectores de metal e agentes da PF vasculhando a linha férrea na altura da estação do Méier, na Zona Norte do Rio, para checar as informações que estavam na colaboração premiada.
Nada foi achado.
O vídeo foi gravado no início de julho, e as buscas foram feitas entre as estações do Méier e Paciência. A delação de Élcio foi feita em junho, e homologada dias antes da operação Élpis, deflagrada na segunda-feira (24).
A ação resultou na prisão de Maxwell Soares Corrêa, conhecido como Suel, por participar da vigilância de Marielle antes do crime.
Na delação aos investigadores, Élcio relata que, no dia seguinte ao atentado, ele, Ronnie e o ex-bombeiro Suel foram ocultar as provas do crime.
Ronnie Lessa e Suel foram até próximo à casa de Élcio, na Zona Norte, para trocarem a placa do Cobalt. O veículo estava em frente a uma casa de festas na rua Intendente Cunha Menezes.
A troca das placas foi feita dentro da casa de Queiroz: Maxwell Soares Corrêa, o Suel, desparafusou as placas antigas, e Lessa trouxe as placas novas.
“Ele [Ronnie] perguntou se tinha alguma coisa para quebrar a placa. Peguei a tesoura de cortar chapa, cortamos a placa na sala da casa da minha mãe e colocamos dentro de uma bolsa plástica”, afirma Élcio em trecho da delação.
Segundo ele, Maxwell fez uma varredura no Cobalt prata usado no atentado, retirou algumas cápsulas, que também guardou em um saco.
Depois, ainda de acordo com o relato de Elcio, os três pegaram outro carro e foram “beirando a linha do trem”.
“Em cada lugar, o Ronnie jogava um pedacinho da placa e das cápsulas por cima do muro da estação”, disse Elcio
As investigações da Polícia Federal também checaram as informações sobre o descarte da placa do Cobalt utilizado no crime, assim como as conversas para se livrar do veículo em si.
No dia 16 de março, Lessa buscou Élcio em casa, e ambos foram até uma praça em Rocha Miranda, na Zona Norte.
As interceptações telefônicas mostram que Maxwell Corrêa, conhecido como Suel, ligou sete vezes para o mecânico Edilson Barbosa dos Santos, o Orelha.
De acordo com as investigações, ele ficaria responsável pelo desmanche do Cobalt. Suel foi incumbido de marcar o encontro de Orelha com Élcio e Lessa.
Pelo menos seis dessas ligações foram registradas em Rocha Miranda onde Élcio alega que houve o encontro com Orelha.
Lessa e Queiroz estacionaram o carro e foram buscar Orelha, que estava esperando em uma padaria. A chave do Cobalt foi entregue para Edilson, e Élcio alega que não soube mais do carro após esse fato.
Lessa encontrou o irmão, Denis Lessa, para quem entregou uma bolsa, e pediu que chamasse um táxi. O irmão de Lessa confirmou à polícia que chamou o táxi, que levou Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz até o carro de Ronnie, deixado na Barra.
Élcio disse que só aí voltaram a ligar os telefones.
A Polícia Federal requisitou as informações de corridas que saíram do Méier naquele dia e entrevistou vários taxistas, incluindo o motorista que levou Lessa e Élcio até a Barra da Tijuca.
Os agentes também refizeram o trajeto no dia do crime. Por causa das informações obtidas, a PF afirma que o trajeto feito pelo táxi virou uma das principais comprovações de que o delator Élcio Queiroz estava falando a verdade.
“Ronnie solicita ao seu irmão que chame um táxi, e aí é o nosso elemento de corroboração mais efetivo, mais contundente. Nós conseguimos, junto a cooperativa de táxi, o rastreamento dessa corrida de ambos do Méier até a Barra da Tijuca, local no qual eles embarcam novamente no carro de Ronnie Lessa. Essa foi a dinâmica do crime no dia 14 de março de 2018 “, contou o delegado federal Guilhermo Catramby.
Ronnie Lessa e Élcio Queiroz foram para um bar na Barra, onde estava Suel. Lá, viram as notícias sobre a morte de Marielle na televisão.
