Prints mostram denunciados por integrar esquema de manipulação de jogos comemorando quando jogador recebe cartão amarelo

Prints de conversas mostram denunciados de integrar o esquema investigado por manipular resultados de jogos de futebol comemorando quando o jogador Moraes Júnior recebeu cartão amarelo em uma partida. Na época, o atleta jogava pelo Juventude, mas atualmente ele é lateral esquerdo do Atlético-GO.

As imagens obtidas pelo ge são da investigação da Operação Penalidade Máxima, do Ministério Público de Goiás (MPGO). Os prints mostram um integrante dizendo “Moraes já tomou”, se referindo ao cartão. Em seguida, ele ri e outra pessoa também ri e diz: “opaaa”.

Aparecem nos prints os denunciados na primeira fase da operação, que compunham “Núcleos de Atuação” dos apostadores:

  • Bruno Lopez de Moura, conhecido como BL (empresário preso em SP, que liderava as ações);
  • Ícaro Fernando Calixto dos Santos (fazia parte de Núcleo de Apostadores);

g1 não localizou a defesa de Ícaro, mas perguntou se a defesa de Bruno ia se posicionar sobre as imagens e não teve retorno até a última atualização desta reportagem.

Acordo com Moraes

Nesta terça-feira (9) o g1 mostrou que a defesa de Moraes admitiu que o jogador recebeu dinheiro no esquema que manipulava resultados de jogos de futebol. O advogado Tiago Lenoir afirmou que o jogador fez um acordo de não-persecução penal com o Ministério Público de Goiás (MPGO), dessa forma, ele fez a confissão e ficou livre da ação penal.

“Ele admite que conversou com intermediário e que recebeu uma parte do que foi acordado, mas ele aceitando o acordo de não-persecução penal, ele deixa claro que não faz parte de um crime mais grave, de uma organização criminosa. Por isso, ele deixa de ser denunciado e vai figurar como testemunha do processo”, disse o advogado.

O ge apurou que Moraes, na época no Juventude, ganharia R$ 30 mil reais se levasse um cartão amarelo na derrota por 2×1 para o Palmeiras e R$ 5 mil foram pagos antes do jogo. Na partida, ele foi advertido. Prints mostram denunciados por integrar esquema de manipulação de jogos comemorando quando o jogador recebeu cartão amarelo.

Em uma partida entre Goiás e Juventude, o jogador recebeu a proposta de R$ 50 mil para levar um cartão amarelo e recebeu R$ 20 mil antes. Ele também foi advertido neste jogo, mas o advogado do atleta afirmou que as advertências que Moraes recebeu não foram criminosas.

“Ele não força o cartão amarelo, ele vai lá e faz o que tinha que fazer, que é o estilo dele de jogo, ele já ia tomar esses cartões amarelos, o fato dele não ter dado prejuízo desportivo gabaritou a defesa do Moraes em propor para o Gaeco um acordo de não persecução penal”, explicou Tiago.

O ge mostrou que ainda que o MPGO apurou que Moraes não recebeu o restante do dinheiro acertado porque as apostas eram combinadas, ou seja, dependiam que outros jogadores realizassem ações em outros jogos.

“Ele não entregou resultado, não entregou nada, ele realmente recebeu uma parte do que eles tinham proposto para ele, mas não recebeu o restante”, completou o advogado do lateral.

Partidas com Moraes

 

Nos jogos investigados que envolvem Moraes, o time que ele jogava perdeu. Além dele, outros jogadores também receberam penalidades. Veja quais foram os lances pedidos pelos apostadores e aliciadores nas partidas, segundo o Ministério Público:

  • Goiás 1 x 0 Juventude – 5 de novembro de 2022: Apostadores pediram que dois atletas do Juventude tomassem cartões amarelos;

 

No jogo contra o Goiás, o Juventude recebeu 6 cartões amarelo enquanto o time goiano 4. Aos cinco minutos de jogo, Moraes “atropelou” o atacante do Esmeraldino e levou a penalidade.

  • Palmeiras 2 x 1 Juventude – 10 de setembro de 2022: Apostadores pediram que um jogador do Juventude tomasse cartão amarelo.

 

Já na partida contra o Palmeiras, o time gaúcho recebeu 3 cartões amarelo enquanto o outro time nenhum. Aos 73 minutos, Moraes cometeu falta e recebeu a punição.

Como o grupo agia?

O MPGO, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e da Coordenadoria de Segurança Institucional e Inteligência (CSI), já apurou que o grupo criminoso conseguiu manipular resultados de jogos de futebol após subornar jogadores.

A investigação mostrou que os jogadores recebiam entre R$ 50 mil e R$ 100 mil para que realizassem ações específicas durante as partidas, como cartão amarelo, vermelho, pênalti e escanteio.

Na primeira fase da operação, que foi deflagrada em fevereiro, a investigação mostrou que o esquema funcionava da seguinte forma: os apostadores faziam propostas para atletas marcarem pênaltis nos primeiros tempos de cada jogo. Caso os jogadores aceitassem, era feito o pagamentos do “sinal”. Após a partida, caso o pênalti tivesse sido feito, os jogadores receberiam o restante do valor combinado.

Na segunda fase, o Ministério Público descobriu que o grupo investigado pedia também aos jogadores que eles tomassem cartões amarelo e vermelho, além do pedido para a derrota de um time. De acordo com o MP, há indícios de que as condutas solicitadas aos jogadores tinham como objetivo que os investigados conseguissem altos lucros em apostas realizadas em sites de casas esportivas, usando, ainda, contas cadastradas em nome de terceiros para aumentar o retorno financeiro.

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