Cavalgada para São Jorge chega à 25ª edição na Zona Oeste do Rio e sai neste domingo

Em meados da década de 1990, Bárbara Célia Pimentel, de 60 anos, moradora de Cosmos, na Zona Oeste, voltava de Santa Cruz, onde tinha ido receber a pensão do pai, ex-combatente da Segunda Guerra Mundial. Ao entrar no ônibus, um homem armado sentou-se ao seu lado, a confundiu com a mulher de um traficante da Favela de Antares e disse que iria matá-la. A passageira se apegou à devoção a São Jorge, rogou por ele e começou a repetir mentalmente sua oração. Inexplicavelmente, a pessoa que a ameaçava resolveu descer do coletivo e ainda pediu que ela fosse embora com Deus. Foi a deixa para a mulher tornar realidade um desejo antigo: organizar uma cavalgada em homenagem ao padroeiro, que chega à 25ª edição hoje, como um dos maiores eventos da cidade para o Santo Guerreiro.

 

— Nasci de novo naquele dia. Deus colocou um propósito na minha vida. Então, resolvi organizar o evento que já pensava fazer. Era para ser só por sete anos, tempo de duração de uma promessa, mas a coisa foi ganhando vulto e, agora, acho que não acaba mais. Vai passar de uma geração a outra — diz Bárbara, que se tornou presidente do grupo Cavaleiros Unidos de Cosmos e organizadora do evento, que não acontecia desde 2020, por causa da pandemia.

O cortejo

 

A cavalgada começou com menos de 20 cavaleiros e atualmente reúne mais de 200, que saem por volta das 14h de Campo Grande, perto da estação de trem Benjamin do Monte, em direção ao Rancho Fênix, em Cosmos. O trajeto de mais de cinco quilômetros passa pela Avenida Cesário de Melo, uma das principais vias da região. A maioria veste vermelho, a cor do santo. Sua imagem acompanha o cortejo em carro aberto. No começo, o transporte do santo era numa charrete enfeitada por rosas, e a concentração acontecia no Regimento de Polícia Montada (RPMont) da PM, que não comporta mais o volume de participantes.

 

Na chegada à propriedade, que está com a família de Bárbara há mais de um século, é realizada uma grande festa. A programação começa cedo, com missa campal, às 8h, que este ano será celebrada pelo padre Fábio de Melo, da Paróquia de Santa Sofia, em Cosmos. Em seguida é servido um café da manhã. Durante o dia é oferecida feijoada, que consome mais de 30 quilos de feijão e começa a ser preparada uma semana antes. A celebração vai até a noite e é encerrada com queima de fogos e um grande show. O evento reúne mais de duas mil pessoas e é gratuito. Apenas o consumo da bebida é cobrado, para ajudar a bancar os custos da festa, mantida pela família sem apoio ou patrocinadores.

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