Alerj aprova projeto que prevê paralisação de jogos no Rio em casos de racismo e concessão de medalha para Vini Jr

Os deputados da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) aprovaram nesta terça a Política Estadual Vini Jr de Combate ao Racismo nos Estádios e Arenas Esportivas. O texto, que contempla o Projeto de Lei 1.112/23, prevê que partidas realizadas no limite do estado poderão ser interrompidas quando houver qualquer denúncia ou manifestação racista.

A medida é semelhante a que já é adotada nas competições de futebol organizadas pela CBF quando são registrados cânticos homofóbicos. Mas vai além. De acordo com o projeto, que ainda precisa ser sancionado pelo governador Claudio Castro, a interrupção durará o tempo que o organizador do evento ou o delegado da partida julgar necessário e enquanto não cessarem as atitudes racistas. E, em caso de atos praticados por grupos ou de forma reincidente, o jogo poderá ser encerrado – possibilidade que deverá ser informada ao árbitro pela organização do evento ou o delegado da partida.

Essas medidas fazem parte do “Protocolo de Combate ao Racismo”, em que qualquer cidadão poderá informar condutas racistas a qualquer autoridade presente no estádio: bombeiros, policiais ou seguranças. A partir daí, a denúncia deverá ser encaminhada à organização do evento e às autoridades, incluindo a Comissão de Combate às Discriminações da Alerj e a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi).

– Temos que, de uma vez por todas, extirpar esse câncer da sociedade brasileira que é o racismo – comentou o autor original do projeto, deputado Prof. Josemar (PSol).

Além de batizar o projeto com o nome de Vinicius Junior, a Alerj aprovou também a concessão da medalha Tiradentes, maior honraria da casa, ao atacante do Real Madrid e da seleção brasileira. Na justificativa do projeto, a deputada Verônica Lima (PT), autora original do projeto, ressalta não só a atuação de Vini Jr como jogador de futebol, mas também as ações sociais promovidas pelo instituto criado por ele em 2021.

Dia da Resposta Histórica

Também foi aprovado o Projeto de Lei 64/23, que institui o dia 07 de abril como Dia da Resposta Histórica Contra o Racismo no Futebol. A data foi escolhida em alusão ao episódio ocorrido nesta data em 1924, quando o Vasco teve sua inscrição recusada pela Associação Metropolitana de Esportes Athleticos (AMEA).

A entidade só permitiria a filiação do clube caso todos os 12 jogadores, pretos e operários, fossem dispensados sob a acusação de que teriam “profissão duvidosa” e que não apresentavam “condições sociais apropriadas para o convívio esportivo”. O Vasco negou a oferta e abriu caminho para a aceitação do negro no futebol, motivo de orgulho da instituição e de seus torcedores até hoje.

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