Franca iguala maior sequência invicta do basquete brasileiro

Faltando ainda dez minutos para o fim do jogo, tudo já estava resolvido. Helinho Garcia, 47, técnico do Sesi Franca Basquete, pouco se levantava do banco. Admirado, não tinha o que dizer. Sua equipe proporcionava um espetáculo. Placar final: 106 para Franca e 68 para o Cerrado, pela 21ª rodada do NBB (Novo Basquete Brasil).

Após o apito final, pouco depois das 21h50 desta quinta-feira (6), o time do interior paulista, jogando no Distrito Federal, igualava a maior sequência invicta da história do basquetebol brasileiro, com 43 vitórias. Até então, a marca havia sido alcançada somente pelo extinto COC Ribeirão Preto, entre 2002 e 2003, ano em que foi campeão nacional.

A última derrota do Touro, como é chamado o time paulista, aconteceu em 12 de outubro de 2022, no segundo jogo das finais do campeonato estadual, diante do São Paulo.

Desde então, foram 43 vitórias, com destaque para um veloz jogo coletivo. Trinta e um desses jogos somente no NBB, competição na qual a equipe é líder invicta.

O restante dos triunfos são divididos entre o Paulista, terminado com o 15º título francano, Copa Super 8, outro troféu erguido, e Champions League das Américas, em que o time está classificado para as finais.

A tradição de Franca no basquete é há muito conhecida. Sua equipe, fundada em 1959, é a maior campeã nacional, com 12 títulos. Por isso, o município é considerado a capital nacional do esporte no qual o Brasil já dominou o mundo por três vezes. Duas entre os homens (1959 e 1963) e uma entre as mulheres (1994).

O basquetebol francano também é tradição familiar. Seu atual treinador, Helinho, é filho de Hélio Rubens Garcia, 82, histórico ex-jogador e treinador da seleção brasileira —dono de três medalhas em mundiais nos anos 1960 e 1970— e do Touro.

Como o pai, Helinho é também ex-jogador da seleção brasileira, tendo disputado dois campeonatos mundiais, e ídolo do Franca. Ao se aposentar, em 2016, ele assumiu o comando da equipe com uma árdua missão: resgatar uma aura vitoriosa após um período de pouco investimento, inclusive com quase falência em 2009, e destronar o à época bicho-papão do basquete brasileiro, o Flamengo.

Para isso, Helinho ganhou uma retaguarda de peso. Lula Ferreira, 72, treinador campeão pan-americano pelo Brasil em Santo Domingo, 2003, foi efetivado supervisor da equipe.

Rapidamente, a dobradinha rendeu frutos: em 2018, veio um revigorante título paulista, marcando o recomeço de uma nova era de glórias. No ano seguinte, aconteceu o bicampeonato de afirmação.

Entretanto, não eram os campeonatos estaduais a fazerem brilhar os olhos francanos. Ainda havia um vazio na gigante estante na sala de troféus do Pedrocão (Ginásio Poliesportivo Pedro Morilla Fuentes), onde a equipe interiorana manda seus jogos. Faltava um título do NBB.

Na temporada 2021/22, o Touro, com um elenco repleto de nomes com passagens recorrentes pela seleção nacional, como Lucas Dias, Georginho Melo e Lucas Mariano, estava determinado a alcançar a conquista.

Com três vitórias a mais que o Flamengo, a equipe liderou a primeira fase da competição. Nos playoffs, eliminou o tradicional Pinheiros nas quartas e o forte São Paulo nas semis até o encontro com o rubro-negro carioca nas finais, em uma série melhor de cinco.

O Franca venceu os dois primeiros encontros. Por pouco, perdeu o terceiro e, em casa, dominou o Flamengo na partida derradeira, levantando a taça.

Na atual temporada, caminhando para a última rodada da fase classificatória, as grandes forças seguem as mesmas, os elencos similares e a rivalidade, alimentada por um sentimento de revanchismo, maior. Na próxima segunda (10), Franca e Flamengo —segundo colocado do NBB— duelam às 20h no Pedrocão.

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