Comlurb remove 1,7 tonelada de peixes mortos do Canal de Marapendi
A Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) removeu, nesta quarta-feira (26), 1,7 tonelada de peixes mortos do Canal de Marapendi, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. A empresa está atuando na remoção exclusivamente dos peixes mortos que chegam às margens do lago.
Salvatore Siciliano, biólogo e pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública/Fiocruz, reforça que o sistema lagunar vem sendo sistematicamente agredido e degradado por décadas de despejo de esgoto doméstico, aterros, lixo depositado ou carreado de forma incorreta.
Segundo ele, apenas um adequado tratamento de esgoto e a recuperação vegetal das margens poderão salvar esse ecossistema. “O resultado está diante de nossos olhos: muita matéria orgânica do esgoto, pouca chuva e intensa radiação solar fazem as microalgas proliferarem, consumindo todo o oxigênio e causando a mortandade dos peixes. É um efeito em cascata”, conclui o especialista.
Para David Zee, professor da Faculdade de Oceanografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), não há dúvidas de que os animais morrem por sufocamento, ou seja, pela falta de oxigênio na água. “Com o calor, a temperatura da água sobe e favorece a saída do oxigênio. Com o esgoto e os lixos que são lançados no local, além da grande quantidade de calor, ocorre uma fermentação que aumenta a atividade biológica de consumo de oxigênio”, afirma.
Além disso, segundo David, as algas presentes no lago também consomem o pouco oxigênio disponível na água. “A tendência é que o oxigênio diminua para níveis inferiores a 5 mg/L, que é o limite mínimo que os peixes conseguem suportar. Assim, logo após morrerem, eles afundam e, depois, com a decomposição e os gases produzidos, fazem o peixe boiar. Ou seja, o peixe que apareceu hoje provavelmente já morreu há três dias”, finaliza.
Ao ser procurado, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) informou que a presença de matéria orgânica oriunda das Lagoas da Barra da Tijuca e de Jacarepaguá, associada ao aumento da temperatura são fatores que contribuem para diminuir a oxigenação da água, causando morte de peixes no Canal do Marapendi.