China tem crematórios e hospitais lotados e esconde números da covid 3 anos após começo da pandemia

Três anos após a primeira morte por covid-19 ser confirmada na China, na província de Hubei, o país enfrenta uma nova e forte onda da doença após anos tentando impor uma política de tolerância zero para o vírus. A superlotação em hospitais e crematórios se tornou o termômetro da pandemia para observadores de saúde após o governo suspender a divulgação oficial de dados sobre a doença, em uma decisão contestada pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Relatos da superlotação nos hospitais e nos crematórios do país crescem desde dezembro do ano passado. Perto do Natal, trabalhadores de serviços funerários de diferentes regiões do país revelaram que estavam trabalhando com capacidade máxima para dar conta dos corpos que chegavam dos hospitais. Já neste ano, fotos batidas em um hospital de Xangai mostraram vários pacientes, incluindo idosos, esperando por atendimento em macas e cadeiras de roda no corredor.

Acuadas pela crescente de casos, autoridades de saúde chinesas decidiram por interromper a divulgação de dados sobre a pandemia no país, atraindo críticas de observadores de saúde internacionais. Nesta quarta-feira, 11, a OMS criticou a China por esconder os dados, ao passo que as autoridades chinesas responderam não ser “necessário” focar, no momento, no número exato de mortes pelo vírus.

“No momento, não acho necessário investigar a causa (da morte) de cada caso individual”, descartou o epidemiologista Liang Wannian, chefe do grupo de especialistas contra a covid, encomendado pela Comissão Nacional de Saúde, que funciona como ministério. “A principal tarefa durante a pandemia deve ser o tratamento.”

A China poderá determinar os números de mortes, examinando o excesso de mortalidade “a posteriori”, sugeriu o chefe do departamento de doenças infecciosas do Hospital da Universidade de Pequim, Wang Guiqiang, em entrevista coletiva.

De acordo com dados oficiais, desde o mês passado, foram registradas apenas 37 mortes relacionadas com a covid-19 na China, um país de 1,4 bilhão habitantes.

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