Rio de Janeiro reduz distorção idade-série, mas 21% dos alunos do ensino fundamental público têm dois ou mais anos de atraso escolar, alerta UNICEF

No Brasil, o atraso escolar de dois ou mais anos impacta 13% dos estudantes no ensino fundamental. Seminário realizado em São Paulo, em parceria com Instituto Claro, apresenta experiência do Rio de Janeiro e outros seis estados no enfrentamento do fracasso escolar

Em todo o Brasil, a quantidade de estudantes que está em atraso escolar vem reduzindo ao longo dos anos. No Rio de Janeiro, segundo dados de 2023, os mais recentes analisados pelo UNICEF, 20,9% das meninas e meninos matriculados no ensino fundamental das redes estaduais e municipais de ensino estavam em distorção idade-série – ou seja, têm dois ou mais anos de atraso escolar. Em 2018, eram 29,1%. No Brasil, em 2023, esse contexto impactava 13,3% dos estudantes frente os 19,7% de 2018. Continuar reduzindo esses índices é um dos objetivos da estratégia Trajetórias de Sucesso Escolar (TSE), iniciativa do UNICEF apoiada pelo Instituto Claro, em parceria com redes públicas de ensino de sete estados.

Os dados analisados pelo UNICEF, tendo como fonte o Inep, mostram que a redução da distorção idade-série aconteceu em todas as etapas de ensino público. Nas escolas municipais e estaduais do Rio de Janeiro, em 2018, os anos iniciais do Ensino Fundamental registraram que 21,6% dos estudantes tinham dois ou mais anos de atraso – taxa que cai para 15,2% em 2023. Nos anos finais do Ensino Fundamental, eram 37,9% em distorção idade-série em 2018, versus 28% em 2023. E, no Ensino Médio, a taxa caiu de 41,8% em 2018 para 32,6% em 2023. O comportamento se repete na média do Brasil, registrando uma redução de 12,9% para 8,2% nos anos iniciais do Fundamental, de 27,9% para 19,3% nos anos finais e de 31,1% para 21,6% no Ensino Médio.

Apesar da melhora geral, o país ainda tem desafios no enfrentamento do fracasso escolar. A distorção idade-série é parte de um ciclo em que meninas e meninos vão sendo reprovados ano após ano, e não conseguem aprender, vão ficando para trás, sem conseguir avançar nos estudos e muitas vezes abandonando de vez a escola. “Por trás dos números, está a naturalização do fracasso escolar que acaba por excluir sempre os estudantes em situação de maior vulnerabilidade, que já sofrem outras violações de direitos dentro e fora da escola”, explica Mônica Dias Pinto, chefe de Educação do UNICEF no Brasil, “É fundamental assegurar de forma integral os direitos de aprender e de se desenvolver na idade certa”, diz ela.

Trajetórias de Sucesso Escolar

Os dados foram apresentados durante o Seminário Nacional Trajetórias de Sucesso Escolar, realizado em parceria com o Instituto Claro, nesta terça-feira, em São Paulo. O evento reuniu estudantes, educadores e gestores dos sete estados que fazem parte da estratégia Trajetórias de Sucesso Escolar – Acre, Amapá, Distrito Federal, Espírito Santo, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e Sergipe – além de UNICEF, MEC, Undime Nacional e estaduais, CONSED, Instituto Claro e outras organizações parceiras para discutir os desafios e apresentar boas práticas para o enfrentamento do fracasso escolar.

“Enfrentar esse desafio requer um esforço em conjunto de governo, sociedade e comunidade escolar, para identificar quais as dificuldades vividas pelos estudantes, conhecer sua realidade e seus desafios para aprender. A escola deve ser um lugar de oportunidades para todos, sem deixar nenhum aluno para trás”, defendeu Monica.

“A Claro acredita que a educação pode ser a chave para a transformação social e a parceria com o UNICEF para o Trajetórias de Sucesso Escolar é fundamental para esse objetivo. Ao estabelecer uma ampla visão do cenário atual, o projeto oferece uma nova perspectiva para milhões de estudantes, contribuindo para combater o abandono escolar. A importância dessa iniciativa fica ainda mais evidente quando relacionamos a trajetória escolar a outro desafio da atualidade, a inclusão produtiva desses jovens na sociedade”, afirma Daniely Gomiero, diretora de Desenvolvimento Humano Organizacional, Cultura e Sustentabilidade da Claro e Vice-Presidente do Instituto Claro.

A estratégia Trajetórias de Sucesso Escolar (TSE) tem como objetivo apoiar estados e municípios na elaboração, implementação e monitoramento de políticas de enfrentamento da cultura de fracasso escolar. O objetivo é facilitar um diagnóstico amplo sobre a distorção idade-série e o fracasso escolar no País, e oferecer um conjunto de recomendações para o desenvolvimento de políticas educacionais que promovam o acesso à educação, a permanência na escola e a aprendizagem desses estudantes.

O site da estratégia disponibiliza materiais pedagógicos – com as experiências didáticas –, textos, vídeos e dados relativos às taxas de distorção, abandono escolar e reprovação, com recortes por gênero, raça e localidade, que mostram as relações entre o atraso escolar e as desigualdades brasileiras. Para essa estratégia, o UNICEF conta com a parceria estratégica de Instituto Claro e Porticus.

 

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