Escolas municipais do Rio vão adotar abordagem que transforma o aprendizado de matemática
Programa Mentalidades Matemáticas formará educadores para aprimorar ensino da disciplina na rede da cidade
Com base em estudos científicos que comprovam que todo mundo pode aprender Matemática em altos níveis, a abordagem Mentalidades Matemáticas (MM) chega às escolas municipais do Rio de Janeiro com a proposta de transformar o ensino e a relação de alunos e professores com a disciplina. Desenvolvida a partir de conceitos da Neurociência, a abordagem aposta em estratégias visuais e colaborativas, que estimulam a curiosidade e rompem barreiras de aprendizado.
A parceria entre Prefeitura do Rio, Itaú Social e Instituto Sidarta, responsável por implementar as MM no Brasil, tem potencial de beneficiar uma das maiores redes municipais de educação da América Latina. No total, são 1.557 escolas e cerca de 650 mil alunos, conforme último Censo Escolar, publicado pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira). Em 2023, foram registradas 200 mil matrículas nos anos finais (6º ao 9º ano) do Ensino Fundamental na Rede Municipal do Rio de Janeiro.
Desde outubro, profissionais da rede municipal de ensino estão sendo formados para implementar o programa, que propõe a resolução de problemas por meio de diferentes caminhos, atividades dinâmicas e incentivo ao trabalho em grupo. São esses formadores-especialistas que vão preparar o restante do corpo docente do município para aplicar a abordagem em sala de aula e desfazer o mito de que matemática é um bicho-papão para os estudantes.
O processo de treinamento do grupo de multiplicadores prevê mais um encontro na Escola de Formação Paulo Freire, no Centro da cidade, no dia 10 de dezembro. “Sabemos que o desafio é gigantesco e queremos que estudantes da rede municipal do Rio de Janeiro tenham acesso a uma matemática com a qual se relacionam bem e não criem barreiras para a aprendizagem efetiva e potente”, afirma Maira Costa, coordenadora pedagógica do Mentalidades Matemáticas.
Ao final da formação, cada participante terá concluído 40 horas de atividades presenciais e mais cinco de acompanhamento individual com especialistas do Instituto Sidarta, que também conduzirão a coleta de evidências e relatórios sobre a aplicação do programa.
“Estamos confiantes de que o Mentalidades Matemáticas apoie o trabalho dos professores no seu desafio cotidiano de ensinar e dar sentido à Matemática. Por meio dessa abordagem mais lúdica e acolhedora, alunas e alunos compreendem melhor a utilidade dos conceitos que estão aprendendo”, explica Cláudia Sintoni, gerente de Implementação do Itaú Social.
O Mentalidades Matemáticas será implementado gradualmente. A meta para 2025 é ampliar a abrangência na rede municipal e ter mais professores preparados para ensinar a disciplina com base nos princípios do programa. Além disso, serão avaliados os primeiros impactos da nova abordagem no desempenho dos alunos.
“O recado que a gente sempre passa na cidade do Rio de Janeiro é muito direto: estudar vale a pena, especialmente a matemática. A parceria é importante para tirarmos esse estigma de bicho de sete cabeças que é atribuído à disciplina e mostrar que o aluno carioca pode ter um grande desempenho nesta matéria”, completa o secretário de Educação, Renan Ferreirinha.
Mentalidades Matemáticas no Brasil
Baseado em estudos da neurociência, o programa Mentalidades Matemáticas desmistifica a ideia de que a disciplina é para poucos e propõe atividades que apresentam uma matemática equitativa, mais aberta, criativa e visual. O foco é propor e estimular atividades colaborativas e difundir uma nova maneira de pensar e se relacionar com essa área do conhecimento.
Uma cocriação do Instituto Sidarta (Brasil) com o Centro de Pesquisas Youcubed da Universidade de Stanford (EUA), o programa busca transformar o modo como gestores, professores e alunos encaram a disciplina. Em oito anos de aplicação no Brasil, a iniciativa tem avançado por meio de parcerias com entes públicos e já contabiliza mais de 12 mil professores formados, impactando 1,1 milhão de estudantes em cidades como Vespasiano (MG), São Paulo (SP), Cotia (SP), Itu (SP), Altamira (PA) e Santana do Ipanema (AL).
E os resultados já são vistos. Em Cotia (SP), por exemplo, um Curso de Férias de dez dias com alunos de 4º e 5º anos foi responsável por um salto equivalente a 1 ano e 3 meses em escolaridade matemática, calculado pelo desempenho na avaliação MARS (Mathematics Assessment Resource Service).
Sobre o Instituto Sidarta
Fundado em 1998, o Instituto Sidarta é uma organização sem fins lucrativos que tem como objetivo contribuir para alterar as políticas públicas educacionais, desenvolvendo pesquisas, realizando projetos, implementando e disseminando ações que promovam uma educação para a equidade, sempre alinhada aos nossos três princípios: teorias não substituem experiências de vida; sabedoria é reconhecer a unidade que existe na diversidade; e é essencial estimular a consciência do serviço à sociedade.