Com Campos Neto na plateia, Haddad cobra redução da taxa de juros

Em evento organizado pelo BC, ministro da Fazenda diz que autoridade monetária não pode ser ‘afrontada’, mas políticas fiscal e monetária são ‘dois braços do mesmo organismo’

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a defender nesta sexta-feira, que há espaço para o Banco Central (BC) iniciar um corte da taxa básica de juros, a Selic, hoje em 13,75% ao ano. Haddad participou de um evento organizado pelo BC em São Paulo e discursou na presença do presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto.

Haddad voltou a citar uma metáfora que tem usado de maneira recorrente, comparando a taxa de juros a um remédio antibiótico. Afirmou que o paciente precisa tomar a cartela toda, mas não duas inteiras. A jornalistas, disse que é notória a sua posição de que o ciclo de redução da Selic já deveria ter se iniciado.

Haddad ressaltou que é a primeira vez que um governo entra sem indicar um presidente do BC, uma vez que Campos Neto tem mandato um mandato de quatro anos que só se encerra em dezembro de 2024.

— Harmonizar as políticas fiscal e monetária para que tenhamos crescimento. Brasil tem a obrigação de perseguir crescimento acima da média mundial. (…) Tem de ser possível para que possamos compatibilizar o fiscal com o compromisso que temos de ter com o povo brasileiro em relação às legítimas demandas sociais — afirmou o ministro.

Na quinta-feira, Haddad afirmou que o alto patamar de juros tem causado uma desaceleração da atividade econômica. Apesar disso, como o resultado do PIB do primeiro trimestre deste ano surpreendeu positivamente, a Fazenda revisará para cima a estimativa de crescimento da economia para este ano de 1,6% para 1,9%.

— Temos de compreender que discutir política monetária não é afrontar a autoridade monetária, muito pelo contrário. Estamos correndo para o mesmo objetivo. A discussão sobre política monetária e fiscal são dois braços do mesmo organismo, têm de trabalhar em harmonia e não há uma mão mais importante do que a outra — afirmou Haddad a uma palestra formada por agentes de mercado e membros de autoridades monetárias de outros países.

Haddad também voltou a defender a mudança da meta de inflação, hoje calculada em uma estimativa que leva em consideração o ano-calendário (janeiro a dezembro) para uma meta que leve em conta um horizonte móvel. O ministro disse que tem discutido com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sobre o assunto. A meta poderá ser revista na reunião do CMN prevista para junho.

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