Assessor mais próximo de Lira é demitido em meio a apuração da PF sobre desvio de verba

Alvo de um mandado de busca e apreensão cumprido pela Polícia Federal na semana passada, Luciano Cavalcante, auxiliar próximo do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), foi demitido do cargo que ocupava na liderança do PP na Casa.

A exoneração foi divulgada no boletim administrativo da Casa nesta segunda-feira (5). Luciano exercia cargo em comissão de secretário particular no gabinete do líder do Progressistas. A liderança do partido atualmente é ocupada pelo deputado André Fufuca (PP-MA).

De acordo com a assessoria de Lira, a exoneração ocorreu a pedido de Cavalcante. Questionado sobre a demissão na noite desta segunda, durante jantar do grupo Esfera, em São Paulo, Lira não respondeu.

Luciano é conhecido em Brasília como uma das pessoas de maior confiança do político, que o acompanha em agendas diversas e viagens.

Uma das suspeitas é que Luciano e sua mulher, Glaucia, possam ser beneficiários de valores desviados de contratos para compra de kit robótica, custeados em parte com dinheiro de emendas do relator.

O caso teve origem em reportagem da Folha publicada em abril do ano passado sobre as aquisições em municípios de Alagoas, todas assinadas com uma mesma empresa pertencente a aliados do presidente da Câmara.

A investigação começou ainda em 2022 após a revelação da Folha. O pedido de buscas e prisões foi feito pela PF em março de 2023, e as ordens, expedidas pela Justiça Federal de Alagoas.

Como mostrou a Folha à época, os kits foram contratados com recursos, em boa parte, das bilionárias emendas de relator do Orçamento —naquele momento, durante o governo Bolsonaro, Lira era responsável por controlar em Brasília a distribuição de parte desse tipo de verba.

A investigação da PF sobre supostos desvios em contratos para compra de kit de robótica com dinheiro federal descobriu que o empresário Edmundo Catunda repassou R$ 550 mil à empresa que construiu a casa em que mora Luciano Cavalcante

Catunda é de uma família alagoana aliada de Lira e um dos sócios da Megalic, empresa que ganhou os contratos do kit de robótica sob suspeita de desvios de dinheiro público.

Informações em posse da PF mostram que Catunda repassou R$ 550 mil para a Construtora EMG, que ergueu o condomínio onde está localizada a casa de Cavalcante. Os dados levantados mostram, inclusive, que a conta de energia elétrica da casa ainda está em nome da EMG.

A PF chegou até Luciano Cavalcante e Glaucia ao investigar movimentações financeiras da Megalic.

Na semana passada, o advogado André Callegari, que defende Luciano Cavalcante, disse que analisava os fatos, que “as simples imagens mencionadas não demonstram qualquer atividade ilícita do investigado” e que Cavalcante não tem ligação com a Megalic.

Em entrevista também na semana passada, após a eclosão do caso, Arthur Lira afirmou não se sentir atingido pela operação da PF que mira seus aliados.

Em entrevista à GloboNews, ele disse que não tem “absolutamente nada a ver com o que está acontecendo”.

“Não posso emitir nenhum juízo de valor. O que eu posso dizer é que eu, tendo a postura que tenho em defesa das emendas parlamentares que levam benefícios para todo o Brasil e toda a população, não tenho absolutamente nada a ver com o que está acontecendo e não me sinto atingido nem acho que isso seja provocativo”, afirmou Lira na ocasião.

Nascido e criado no município, Hermansen era fazendeiro e dava aulas de agricultura orgânica na ilha quando foi convidado pela prefeitura para liderar o plano de transição energética. Em poucos anos ele passou a estampar capas de revistas e viajar pelo mundo compartilhando lições de sustentabilidade.

A Academia de Energia de Samso recebe mais de 5.000 visitantes por ano, entre cientistas e representantes de governos interessados em energia limpa, além de outros milhares impactados por seus treinamentos no exterior.

Nas próximas semanas, Hermansen já tem viagens marcadas para Japão e Estados Unidos, onde deve ajudar lideranças locais no planejamento energético. Destinos na América do Sul, como o Brasil, ainda não estão no radar.

“Os outros países não podem simplesmente copiar o que fazemos. As coisas que funcionam em uma pequena ilha na Dinamarca não são as mesmas que funcionam em uma grande cidade, com vários meios de transporte e milhões de habitantes, por exemplo”, afirma o diretor.

Hermansen afirma que um dos maiores trunfos da transição energética em Samso é a participação da comunidade, que se envolve inclusive financeiramente. Centenas de residentes pagaram do próprio bolso uma parte do gasto para instalar as primeiras 11 turbinas eólicas da ilha.

Quatrocentos moradores se interessaram pelo projeto e gastaram, cada um, US$ 10 mil (R$ 49,6 mil) por cinco cotas de um moinho de vento —o custo estimado de cada equipamento é de mais de US$ 1 milhão (R$ 4,96 milhões).

Esse formato cooperativo é comum na Dinamarca, onde empresas do setor de energia e água permitem que os cidadãos se tornem sócios minoritários, o que pode trazer economia na conta, a longo prazo.

A economia futura também foi a principal motivação do caminhoneiro Flemming Bo Larsen ao instalar painéis de energia solar na casa em que mora com a namorada, Ulla Holm, no vilarejo de Ballen .

Ele contou com a ajuda de treinamentos da Academia de Energia de Samso e, em março, foi palestrante em um workshop sobre como escolher os equipamentos ideais.

“Não sabia nada sobre energia renovável. Antes de mudarmos para Samso, eu tinha um consumo muito baixo de energia elétrica. Quando cheguei aqui, no ano passado, comecei a perceber que gastávamos um valor alto todo mês com aquecimento e eletricidade, é uma casa grande e muito antiga”, diz Larsen.

Com os 16 painéis instalados no telhado da casa em maio, Flemming e Ulla devem produzir mais energia do que precisam —o excedente é vendido automaticamente para a rede. A estimativa deles é a de que os 22 mil euros (R$ 117 mil) investidos na instalação do sistema sejam recuperados em, no máximo, seis anos.

O músico e diretor da associação de carros elétricos da ilha, Stefan Wolffbrandt, reconhece que a economia é a principal motivação para a maioria dos moradores. Para ele, contudo, o maior incentivo veio da própria curiosidade.

“Eu construí minha primeira turbina eólica quando tinha 15 anos, e acho bom experimentar e construir coisas novas. Quando começamos a transição energética, em 1998, os vizinhos começaram a competir para ver quem tinha a casa mais adaptada, e fomos aprendendo juntos.”

Morador do vilarejo de Langemark, Stefan reconhece que ainda há o que melhorar em Samso, e reclama do pequeno número de estações disponíveis para carregamento de veículos elétricos. Há apenas cinco em toda a ilha.

A promessa do governo local é a de que 28 novos pontos de recarga sejam criados até o final do ano, o que deve ajudar o músico em sua missão de popularizar carros elétricos entre amigos e vizinhos.

“As pessoas reclamam que é muito complicado dirigir um carro elétrico, que é muito complexo reciclar, mas quando a gente compra um telefone novo, em dois dias já aprendemos a mexer em todos os recursos”, afirma.

“A verdade é que a gente se acostuma muito rápido às novidades. No fim das contas, temos que mudar o nosso pensamento, antes de qualquer mudança externa.”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *