23 de abril de 2025

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Xi conversa com Zelensky pela primeira vez desde início da guerra na Ucrânia

O presidente da China, Xi Jinping, conversou por telefone nesta quarta-feira com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, o primeiro contato conhecido da dupla desde que a invasão russa na Ucrânia começou em 24 de fevereiro do ano passado. Pequim, que se apresentou como um mediador para o conflito e defende neutralidade, é criticada por países ocidentais pelo que consideram ser um apoio tácito dos chineses a Moscou.

Em seu Twitter, Zelensky disse que a ligação foi “longa e significativa” — fontes do governo ucraniano disseram ao jornal britânico Financial Times que a conversa durou aproximadamente uma hora. Desde que o conflito eclodiu, o líder ucraniano demonstrava interesse em conversar com a segunda maior economia do planeta, sinalizando aguardar um contato de Xi. Previamente, Zelensky já havia feito um convite para o homólogo chinês visitar Kiev.

“Creio que esta ligação, assim como a indicação do embaixador ucraniano para a China, dará um ímpeto poderoso ao desenvolvimento das relações bilaterais”, tuitou o presidente, referindo-se à nomeação do ex-ministro de Indústrias Estratégicas Pavlo Riabikin para a representação diplomática em Pequim, cargo que estava vazio desde fevereiro de 2021.

De acordo com a imprensa estatal chinesa, os dois líderes discutiram a “crise na Ucrânia”, mantendo a postura de não se referir ao imbróglio como uma guerra e um conflito. Xi disse que a China “está sempre do lado da paz” e que mandará uma delegação à Ucrânia “e outros países a fim de manter uma comunicação profunda com todas as partes em busca de uma solução política”.

“A China não é responsável pela crise na Ucrânia nem parte dela”, Xi teria dito, segundo os registros da imprensa estatal. “O respeito mútuo à soberania e integridade territoriais é a fundação política das relações entre Ucrânia e China.”

A menção à soberania territorial veio dias após o embaixador chinês na França, Lu Shaye, afirmar que as ex-repúblicas soviéticas não são nações independentes — ignorando um reconhecimento oficial que Pequim faz desde 1991. A declaração atraiu fortes críticas de países na Europa e levou os chineses a emitir uma retratação.

Comentando o telefonema, a Chancelaria russa disse em comunicado que “as autoridades ucranianas e seus aliados ocidentais já demonstraram sua capacidade de estragar quaisquer iniciativas de paz”. Reconhecendo os “esforços do lado chinês para estabelecer um processo de paz”, a nota diz que Kiev “rejeitou qualquer iniciativa sensata que buscava uma solução política e diplomática”.

“O eventual consentimento às negociações é condicionado ao ultimato com demandas evidentemente irreais”, disseram os russos, citando a condição ucraniana de que Moscou deixe os territórios unilateralmente ocupados de Kherson, Zaporíjia, Donestk e Luhansk, além da Crimeia, ocupada em 2014.

Os russos referiam-se ao plano de paz de 12 pontos que Pequim anunciou no primeiro aniversário da guerra. O acordo pede um cessar-fogo, defende a integridade territorial — sem esclarecer como isso se aplicaria aos territórios ucranianos anexados por Moscou — e oferece benefícios à Rússia com a suspensão das sanções. Para os ucranianos, a devolução de Kherson, Zaporíjia, Donestk e Luhansk, unilateralmente anexados no ano passado, e da Península da Crimeia, ocupada em 2014, são inegociáveis.

De imediato, contudo, Kiev e Moscou deram boas-vindas à iniciativa chinesa como um ponto de partida, mas o rechaço da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a aliança militar encabeçada por americanos, foi rápido.

Xi viajou no mês passado à Rússia para promover o plano, sendo recebido por seu “grande amigo” Vladimir Putin, mas era pressionado para falar com Zelensky — ponto reforçado pelo presidente francês, Emmanuel Macron, durante sua visita a Pequim no início do mês. Há semanas as conversas entre diplomatas russos e ucranianos se intensificaram e o telefonema desta quarta era visto como iminente.

Durante sua passagem pela China, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também enfatizou a necessidade de participação chinesa em um possível processo de paz. As equiparações entre as responsabilidades russas e ucranianas pela invasão geraram mal-estar diplomático entre o Brasil e as potências ocidentais, contudo, acentuado por declarações que culpavam os EUA e a Europa pelo prolongamento do conflito.

A ligação também coincide com uma passagem do chanceler russo, Sergei Lavrov, pelos Estados Unidos, onde presidiu a sessão do Conselho de Segurança da ONU no início desta semana, na sede da organização em Nova York — a chefia do grupo é rotativa entre os cinco membros permanentes e 10 temporários, mudando a cada mês. Diante de Lavrov, o secretário-geral das Nações Unidas, denunciou a “devastação” no território ucraniano.

Intensificação dos laços

 

A China pode ter um papel-chave para uma saída negociada para o conflito frente à cada vez maior dependência econômica que o Kremlin tem dos chineses: em 2022, o comércio entre os dois países aumentou um terço, chegando a US$ 190 bilhões. Ao mesmo tempo, o crescimento das exportações russas para Pequim cresceu 44% — em grande parte devido ao combustível que antes ia para a Europa, vendido com desconto para os chineses — e as importações, 14%.

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