Torcedor do Fluminense que sobreviveu a disparos de policial penal em bar da Tijuca sai da UTI

O torcedor Bruno Tonini, de 38 anos, que foi baleado no início deste mês por um policial penal, no Maracanã, Zona Norte do Rio, deixou a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Badim nesta quarta-feira, e deve ter alta até o fim da semana. Ele, que é fotógrafo, estava com o amigo Thiago Motta num bar nas proximidades do estádio quando os disparos foram feitos. Thiago também foi baleado e morreu ainda no local.

Na tarde desta quarta-feira, o diretor-médico do Badim, Fabio Santoro, informou que Bruno evoluiu com “um padrão de melhora clínica bastante favorável”. No começo deste mês, uma pessoa próxima ao fotógrafo afirmou ao EXTRA que ele havia perdido o rim esquerdo, um pedaço do intestino delgado, do intestino grosso e do fígado, além do baço.

— Ele vem evoluindo com padrão de melhora clínica bastante satisfatória. Esteve por um período prolongado na UTI e agora encontra-se internado no quarto. A evolução clínica dele é bem favorável e acreditamos que ele possa ter condições adequadas para alta até o final dessa semana — afirma o médico.

Bruno estava num bar com colegas após o jogo entre Flamengo e Fluminense quando foi atingido por, ao menos, quatro disparos. Ele foi atingido no abdômen, braço e com um tiro de raspão na cabeça. Thiago Motta também foi alvo de tiros e morreu ainda no local. Internado no Hospital Badim, na Tijuca, desde que foi socorrido, Bruno foi operado e permaneceu na UTI até terça-feira.

Após sair da unidade de saúde, Bruno será ouvido pelo Ministério Público do Rio. O promotor Fabio Vieira, responsável pelo caso, esteve no hospital nesta quarta-feira para a oitiva do fotógrafo, que preferiu adiar o depoimento. No último dia 11, o policial penal Marcelo de Lima foi denunciado pelo órgão por homicídio qualificado, por motivo torpe e fútil, impossibilitando a defesa da vítima, e tentativa de homicídio.

— Como tive resposta da direção do hospital que a vítima sobrevivente já estava em boas condições, ele teve sucesso na sua recuperação, eu marquei essa oitiva. Vim aqui hoje para que ele referendasse o que nós já apuramos em relação à motivação desse crime. Acontece que hoje, ao chegar aqui, os familiares me disseram que ele ficou um pouco tenso e receoso com essa situação — explica o promotor, que completa:

— Possivelmente, por ter revivido na sua cabeça aquilo que aconteceu com ele no dia do crime, e preferiu um outro momento quando ele sair do hospital e tiver mais tranquilidade em dar esse depoimento de maneira formal.

Homicídio qualificado

Na denúncia, apresentada nesta terça-feira 4ª Vara Criminal da capital, o promotor Fabio Vieira dos Santos escreve que os “crimes foram praticados por motivo torpe, em razão do inconformismo do denunciado (Marcelo de Lima) com posições políticas expressadas pelas vítimas”. A confusão teria começado, ainda segundo a denúncia do MP, após Marcelo “ficar xingando no meio de todos que ‘petista é igual flamenguista, tudo burro e ladrão’”.

O texto ainda chama a atenção para que o agressor colocou em risco outras pessoas que estavam no local ao efetuar “disparos de arma de fogo em plena via pública, com grande número de pessoas circulando e confraternizando”. A denúncia pede, por fim, que o acusado seja levado a Tribunal Popular.

O caso aconteceu por volta das 23h, em um bar na Rua Isidro de Figueiredo, no Maracanã, na Zona Norte do Rio, próximo estádio onde horas antes acontecera a primeira partida da decisão do estadual.

Segundo o promotor, testemunhas relataram que antes da briga no bar, Marcelo de Lima estava ofendendo torcedores que saíam do jogo entre Flamengo e Fluminense. O policial penal, que é vascaíno, teria xingado flamenguistas de ladrão e feito uma comparação, afirmando que petistas também roubavam. Ainda segundo os depoimentos, Thiago, que torce pelo Fluminense, interpelou Marcelo sobre os xingamentos, o que causou um desentendimento entre ambos.

O agente Marcelo de Lima, acusado de ser o autor dos disparos, foi preso em flagrante e teve a prisão convertida em preventiva após a audiência de custódia. Nas redes, parentes de Thiago fazem uma campanha com pedidos de justiça, e pedem que testemunhas se direcionem ao Ministério Público.

A Delegacia de Homicídios da Capital também segue nas apurações de detalhes e resultados das perícias realizadas no local do crime. Testemunhas podem ser ouvidas ainda na especializada, na Barra da Tijuca.

Segundo uma testemunha que conversou com o EXTRA, o policial penal Marcelo de Lima, após matar Thiago, disparou contra Bruno, acertando-o na barriga e no braço. Depois, tentou disparar contra a cabeça do fotógrafo, mas o tiro pegou de raspão. Bruno teria levado, ao todo, quatro tiros.

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