Tebet critica gastos desnecessários e diz que Brasil precisa fazer “dever de casa” para economia decolar

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou nesta segunda-feira que o governo precisa fazer “o dever de casa” para a economia decolar e criticou o que chamou de gastos desnecessários, acrescentando ter como missão evitar turbulências e identificar melhores rotas e caminhos para garantir previsibilidade e estabilidade.

“Nós temos um déficit fiscal insustentável; isso impede o crescimento sustentável duradouro do Brasil”, disse Tebet durante discurso em evento da Amcham Brasil.

Diante desse cenário, afirmou a ministra, o governo vai trabalhar na revisão de gastos, porque tem “responsabilidade fiscal”, e na eficiência das políticas públicas, de forma a parar de “enxugar gelo” e gastar sem saber onde se quer chegar.

“O Brasil gasta muito e gasta mal. Nós temos que analisar caso a caso qual o impacto de cada programa, de cada projeto, de cada ação, avaliar as políticas públicas… e evitar gastos desnecessários”, disse Tebet.

No entanto, “além do dever de casa de diminuir esse déficit fiscal, nós temos que investir no social”, ponderou a ministra, dizendo que toda a população brasileira deve constar no Orçamento, mas cada uma “na proporcionalidade de suas necessidades”, de forma que os mais vulneráveis recebam mais atenção.

As falas de Tebet sobre a conjuntura fiscal do país vieram em meio a grandes preocupações do mercado financeiro com a responsabilidade do novo governo na conduta das contas públicas, uma vez que a administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é vista como mais desenvolvimentista.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou em janeiro um plano de ajuste de até 242,7 bilhões de reais nas contas de 2023, o que faria o resultado primário reverter o déficit previsto atualmente e fechar o ano no azul. No entanto, o próprio ministro apontou a possibilidade de haver frustração em parte das iniciativas.

Tebet, vista pelos mercados como de perfil fiscalmente mais moderado do que o de Haddad, voltou a dizer nesta segunda-feira que pode ter sido chamada por Lula para o cargo por ter “visão um pouco diferente” de outros integrantes da equipe econômica no que diz respeito ao fiscal, e fez um aceno ao mercado financeiro ao dizer que sua pasta buscará articular com o setor.

“Nós vamos articular em todos os níveis de governo, com os ministérios, com o Congresso Nacional, com o Poder Judiciário, mas também com o mercado, com a academia, com a sociedade civil organizada”, afirmou Tebet.

A ministra também usou sua fala para comentar a reforma tributária, e disse que tanto Lula quanto Haddad entendem a importância dessa pauta, o que deve facilitar seu andamento. Ela chamou a reforma tributária de “vacina econômica” do Brasil e disse que todos os esforços das pastas econômicas do governo estarão à disposição dessa agenda.

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