Rússia lança mais de 50 mísseis contra Ucrânia após anúncio de apoio ocidental
A Rússia lançou hoje uma nova salva de mísseis e drones contra a Ucrânia, o que causou uma morte na capital e cortou a energia em várias regiões. O ataque, que ocorre um dia após os aliados de Kiev terem anunciado o envio de tanques pesados para ajudar as forças ucranianas, tem como alvos, principalmente, instalações de energia.
Um primeiro balanço da administração municipal informou a morte de um homem de 55 anos, além de dois feridos na capital, disse o prefeito Vitali Klitschko. Segundo a administração militar da cidade, a morte foi causada pela queda de fragmentos de um míssil derrubado. O Exército ucraniano diz ter derrubado 47 dos 55 mísseis lançados, assim como 24 drones Shahed de fabricação iraniana, durante a noite.
Por precaução, Kiev, sua região e duas outras realizaram cortes de energia de “emergência” para “evitar grandes danos à infraestrutura de energia, se mísseis inimigos atingirem seu alvo”, informou a operadora de energia privada DTEK. Na região de Odessa, ao sul, “dois locais de infraestrutura energética essencial” foram danificados, segundo as autoridades locais, sem causar vítimas. Os últimos ataques maciços da Rússia contra infraestruturas de energia ocorreram em 14 de janeiro. Desde outubro, os cortes de energia se multiplicaram no país e deixaram milhões de civis ucranianos sem água potável e calefação no inverno.
“Envolvimento direto” Este novo ataque maciço ocorre um dia depois de Estados Unidos, Alemanha e Noruega terem autorizado o envio de dezenas de veículos pesados de combate para a Ucrânia, uma decisão inédita nos 11 meses de guerra. O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, agradeceu a seus aliados pelo fornecimento deste equipamento, reivindicado por Kiev há meses. É “um passo importante no caminho para a vitória”, disse o presidente. Mas “a chave agora é velocidade e volume” na entrega dos tanques, insistiu ele, em declaração na noite de quarta-feira.
A Alemanha especificou nesta quinta-feira que planeja entregar os tanques Leopard 2 “no final de março, início de abril”, de acordo com seu ministro da Defesa, Boris Pistorius. Essas entregas e a ajuda militar “não são uma ameaça ofensiva à Rússia”, afirmou o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
A Rússia reagiu. “Em Moscou, vemos isso como um envolvimento direto no conflito e vemos [esse envolvimento] crescendo”, disse o porta-voz presidencial russo Dmitri Peskov.
Batalha difícil
No terreno, as tropas russas estão “intensificando” os combates no leste, relatou a vice-ministra da Defesa ucraniana, Ganna Maliar.
Atualmente, o Exército ucraniano enfrenta a “superioridade em números e armas” da Rússia, acrescentou, citando a área em torno de Bakhmut — que Moscou tenta conquistar há vários meses — e os arredores de Vugledar, uma cidade no sudoeste de Donetsk. É a primeira vez que Vugledar, de cerca de 15 mil habitantes antes da guerra, é citada no setor de combates “pesados”.
É a primeira vez que Vugledar, de cerca de 15 mil habitantes antes da guerra, é citada no setor de combates “pesados”. Na quarta-feira, as forças ucranianas admitiram que se retiraram de Soledar, a nordeste de Bakhmut, agora em mãos russas.