Rússia lança bombardeios por toda a Ucrânia após condenação de Zelensky na ONU

Horas depois de o presidente Volodymyr Zelensky condenar a invasão da Ucrânia pela Rússia como uma agressão criminosa e sem motivo em uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, em Nova York, Moscou lançou um bombardeio com mísseis contra várias cidades, incluindo Kiev, em um dos ataques simultâneos com maior distribuição territorial. Em contrapartida, o governo ucraniano anunciou que atingiu uma base aérea russa na Crimeia.

Bombardeios russos foram confirmados de Lviv, no extremo oeste da Ucrânia (perto da fronteira com a Polônia), a Kharkiv, no nordeste (perto da fronteira da Rússia). Rivne, Kiev e Cherkasy também foram atingidas. Segundo o comandante do Exército ucraniano, Valeri Zalujni, 36 dos 43 mísseis lançados durante a noite foram derrubados.

“O Exército russo bombardeou os bairros residenciais de Kherson (…) No momento sabemos de dois civis mortos”, escreveu na plataforma Telegram o governador da região, Oleksandr Prokudin. Ele também informou que quatro pessoas foram hospitalizadas.

De acordo com a operadora de energia ucraniana, Ukranergo, os ataques aéreos noturnos danificaram instalações em áreas no centro e no oeste do país, provocando quedas de energia em cinco regiões. Em Kiev, pelo menos sete pessoas ficaram feridas, ocorreram incêndios e um gasoduto foi danificado por destroços de mísseis, segundo o prefeito e a administração militar regional.

Em Cherkasy, uma pessoa foi resgatada de um prédio no centro da cidade, e as equipes de resgate procuravam sobreviventes soterrados sob os escombros, segundo o Ministério da Administração Interna.

Rússia lança forte ataque com mísseis na Ucrânia

Em um comunicado no Telegram, o chefe da administração militar regional de Kiev, Serhiy Popko, afirmou que os últimos ataques significaram que os residentes da cidade suportaram mais de 1 mil horas, ou mais de 41 dias, sob alertas aéreos desde o início da guerra.

Kiev também anunciou ofensivas, com um bombardeio bem-sucedido a uma base aérea na Península da Crimeia. “Na noite de 21 de setembro, as Forças de Defesa da Ucrânia lançaram um ataque combinado à base aérea militar na cidade de Saky, na temporariamente ocupada Crimeia”, diz o aviso publicado pelos militares nas redes sociais.

Em um momento de desgaste e guerra de atrito no solo, os ataques aéreos se tornaram a principal ferramenta ofensiva de Moscou e Kiev para atingir posições além das linhas inimigas. Com uma contraofensiva que avançou menos do que o esperado nos últimos meses, a Ucrânia tenta manter suas linhas de suprimento com ajuda militar do Ocidente, fundamentais para continuar o esforço de guerra.

Em Nova York, na esteira da Assembleia Geral da ONU, Zelensky tem um encontro importante com o presidente americano, Joe Biden, para reforçar o compromisso da Otan de apoiar a causa ucraniana. A reunião de cúpula acontece em meio a sinais de atrito na unidade ocidental, principalmente partindo da Polônia, um dos aliados de primeira ordem de Kiev, que recebeu levas de refugiados e anunciou que suspenderia futuros envios de armas para o país vizinho nesta quarta-feira, após tensões deflagradas pela decisão do governo polonês de proibir importação de grãos ucranianos para proteger seus próprios agricultores.

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