Rei Charles 3º apoiará investigação sobre papel da monarquia na escravidão
O rei Charles 3º, do Reino Unido, apoiará uma investigação sobre os elos da monarquia com a escravidão, anunciou o Palácio de Buckingham nesta quinta-feira (6).
A decisão foi tomada após o jornal The Guardian revelar evidências da ligação da família real com o tráfico negreiro. Segundo a publicação, um documento mostra que, em 1689, o rei William 3º recebeu mil libras em ações na Companhia Real Africana, responsável pelo transporte de milhares de pessoas escravizadas da África para as Américas.
O arquivo, encontrado pelo historiador Brooke Newman, contém a assinatura do escravocrata Edward Colson, figura que ficou conhecida após ter sua estátua arrancada e atirada no rio por manifestantes inspirados pelo movimento Black Lives Matter na cidade de Bristol, em 2020.
Nos últimos anos, um movimento que questiona as ligações da monarquia britânica com a escravidão —e que pede reparações— tem ganhado força em países do Caribe como Jamaica e Bahamas, onde Charles também é chefe de Estado.
Segundo o Palácio de Buckingham, uma equipe independente de pesquisadores terá acesso à Coleção Real e aos Arquivos Reais para investigar ligações entre a monarquia e a escravidão durante os séculos 17 e 18.
O Palácio citou um discurso de Charles a líderes de ex-colônias britânicas reunidas na Commonwealth em junho, no qual ele disse: “Eu não posso descrever as profundezas do meu pesar pelo sofrimento de tantos, enquanto eu continuo a aprofundar o meu próprio conhecimento sobre o impacto duradouro da escravidão.”
O comunicado diz ainda que esse compromisso é mantido com “vigor e determinação” desde que Charles assumiu o trono após a morte de sua mãe, a rainha Elizabeth 2ª, em setembro.
“Tendo em vista as complexidades destes assuntos, é importante abordá-los da maneira mais minuciosa possível”, afirma o Palácio. “Espera-se que a investigação seja concluída em setembro de 2026.”