‘Rachadinha’ no gabinete de Carlos Bolsonaro no Rio: entenda os próximos passos da investigação

O Ministério Público do Rio identificou que o chefe de gabinete de Carlos Bolsonaro, Jorge Luiz Fernandes, recebeu R$ 2,014 milhões em créditos de seis servidores nomeados pelo vereador. A partir de agora, a investigação tenta entender se o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro foi diretamente beneficiado por esses desvios.

A movimentação financeira levantada pelo Laboratório de Tecnologia de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro do Ministério Público do Rio (MP-RJ) mostrou que Fernandes recebeu créditos de seis funcionários: Juciara da Conceição Raimundo (R$ 647 mil, em 219 lançamentos), Andrea Cristina da Cruz Martins (R$ 101 mil, em 11 lançamentos), Regina Célia Sobral Fernandes (R$ 814 mil, 304 lançamentos), Alexander Florindo Batista Júnior (R$ 212 mil, em 53 lançamentos), Thiago Medeiros da Silva (R$ 52 mil, em 18 lançamentos) e Norma Rosa Fernandes Freitas (R$ 185 mil, em 83 lançamentos).

Também foi confirmado, com autorização da Justiça fluminense, que Fernandes usou contas pessoais para pagar despesas do filho “zero dois”. Até aqui, os dados configuram a prova mais consistente da investigação sobre o gabinete do vereador. Com o laudo, já é possível imputar o crime de peculato a Fernandes. Resta saber, porém, se os pagamentos feitos por Fernandes a Carlos foram eventuais ou regulares. No caso de haver regularidade, será provado que o vereador foi beneficiado diretamente pelos desvios dos servidores.

A investigação criminal não é a única frente aberta no MP-RJ para investigar Carlos. Na esfera cível, corre na 8ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa da Cidadania da Capital um procedimento para apurar eventual improbidade administrativa pelos mesmos motivos.

Ao todo, são 27 pessoas investigadas e cinco empresas, todas ligadas a Carlos Bolsonaro. Em resumo, os promotores apuram se os funcionários devolviam parte do seus salários ou o valor integral para o vereador.

Uma dos principais alvos é Marta Valle, cunhada de Ana Cristina Valle (ex-madrasta e ex-chefe de gabinete de Carlos, também na lista dos investigados). Professora da educação infantil, Marta é moradora da cidade mineira de Juiz de Fora e, ainda assim, passou sete anos e quatro meses lotada no gabinete do vereador, entre novembro de 2001 e março de 2009. Quando procurada pela revista “Época”, no entanto, ela disse que nunca trabalhou para Carlos: “Não fui eu, não. A família de meu marido, que é Valle, que trabalhou”.

Apesar disso, seu salário bruto era de R$ 9,6 mil, e, com os auxílios, chegava a R$ 17 mil. Segundo a Câmara de Vereadores, ela não teve crachá como assessora. E, de acordo com o laudo do Laboratório, Marta fez, entre junho de 2005 e março de 2009, um total de R$ 364 mil em saques com cartão logo após receber os seus proventos.

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