Preso 4º suspeito de integrar grupo que teria chantageado clientes de programas e faturado mais de R$ 100 mil

Policiais da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense prenderam nesta sexta-feira (7) Carlos Henrique da Silva Paixão, suspeito de integrar a quadrilha de garotos de programa investigada por chantagear clientes.

Segundo o delegado Álvaro de Oliveira Gomes, titular da 21ª DP (Bonsucesso) e responsável pelas investigações, os prejuízos das vítimas já contabilizados chegam a soma de R$ 100 mil.

Preso em São João de Meriti, Carlos Henrique estava foragido da Justiça desde a última quinta-feira (6), quando agentes da 21ª DP deflagraram uma operação contra esse grupo de garotos de programa.

Segundo as investigações, Carlos Henrique é um dos envolvidos no crime de extorsão e também atuava como garoto de programa para captar novas vítimas.

Na quinta, três suspeitos de integrar o grupo foram presos. Todos foram encontrados em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Segundo as investigações, a quadrilha é formada por:

  • Cynara Ferreira da Silva, mãe de Carlos Henrique, apontada como a pessoa que fornecia a conta bancaria para a movimentação financeira do grupo. Está presa;
  • Fábio dos Santos Pita Junior, conhecido como Pedro Dominador, suspeito de atuar como garoto de programa. Está preso;
  • Ronaldo da Silva Gonçalves, apontado como a pessoa que cuidava da movimentação financeira da quadrilha. Está preso;
  • Carlos Henrique é suspeito de praticar o crime de extorsão e também de atuar como garoto de programa para captar novas vítimas. Foi preso nesta sexta.

Segundo as investigações, uma das vítimas disse que foi obrigada a dar R$ 73 mil a um dos integrantes da quadrilha.

De acordo com a Polícia Civil, a investigação começou há um mês, após uma vítima procurar a delegacia e denunciar que estava sendo chantageada por Fábio dos Santos.

O delegado Álvaro de Oliveira Gomes, titular da 21ª DP (Bonsucesso), contou que as vítimas conheciam os garotos de programa através de um site especializado. Ainda segundo as investigações, após o sexo, eles ameaçavam vazar dados bancários, pessoais, fotos e vídeos.

“Eles escolhiam esses garotos, iam no encontro e a partir daí passavam a ser ameaçados”, contou o delegado.
O jovem havia feito contato com um dos homens e, depois de um encontro sexual, passou a receber mensagens com ameaças de exposição para a família do encontro que tiveram.

Com medo, o autor da denúncia procurou a polícia e contou que as abordagens partiam de mais de um membro do grupo.

Ele relatou ainda que, para evitar ter a intimidade exposta, realizou pagamentos por PIX. No entanto, o rapaz decidiu procurar a polícia após ameaças feitas à família dele.

“As investigações duraram um mês e meio quando a primeira vítima nos procurou narrando esse fato. E ela disse que após um encontro íntimo com o Pedro Dominador, que é o Fábio, e passou a receber mensagens dele exigindo uma quantia dele em dinheiro. Caso contrário, ele iria entrar em contato com as famílias e expor a pessoa. Ele disse que, inclusive, teria gravado o encontro deles e seria exposto em rede social. Fato que não era verdadeiro”, relatou o delegado Álvaro Gomes.

Ameaças

O g1 teve acesso aos áudios das ameaças a uma das vítimas. Em um deles, o garoto de programa Pedro Dominador diz que vai divulgar os dados bancários e conversas de teor sexuais que teve com uma das vítimas.

“Vou resolver (tudo) com o seu pai como sujeito homem. Vou falar com o seu pai que estávamos namorando e ficando e ele vai resolver (pagar). Se tu não resolver, ele vai pagar. Vou mandar fotos e vídeos, porque eu gravei tudo. Olha aí, veja se esse não é o teu pai. Acho bom você me responder. Vou te dar 30 minutos para você pensar”, ameaçou o garoto.
Segundo os investigadores Fábio e Ronaldo faziam as ameaças, e Cynara era a responsável por movimentar o dinheiro extorquido. Outros garotos de programa também fazem parte do esquema criminosos.

“Conseguimos identificar nos bancos de dados da polícia outras ocorrências semelhantes e identificamos outras quatro pessoas. Atualmente, são 5 vítimas identificadas. Elas prestaram depoimento e através disso, conseguimos montar o modus operandi e os comparsas do Fábio. Tinha a Cynara que era o braço financeiro. Além disso foi preso o Ronaldo. Também existem outros garotos de programa que atuavam na mesma organização criminosa fazendo o mesmo tipo de conduta. Após os programas, eles extorquiam dinheiro dos clientes, ameaçando tirar o anonimato. Quando isso não era suficiente, eles passavam a mandar fotos da casa das pessoas e muitas vezes dados pessoais que eram obtidos em fontes abertas. Com isso, eles diziam que se o dinheiro não fosse repassado, algum mal eles fariam aos familiares. Por conta disso, as pessoas cediam por medo de algo pior”, contou o delegado, que completou:

“Até agora eles estão respondendo por extorsão, que a pena vai de 4 a 10 anos e é a mesma de roubo, e associação criminosa. Porque eles se associaram para praticar esses crimes. Além disso, estamos investigando uma possível lavagem de dinheiro que eles obtinham”, disse o delegado Álvaro Gomes.

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