Prefeitura abre consulta pública para projeto de transporte aquático nas lagoas da Barra e Jacarepaguá

A Prefeitura do Rio publicou, nesta quinta-feira, abertura de consulta pública sobre projeto de transporte aquaviário de passageiros no complexo lagunar da Barra da Tijuca e Jacarepaguá. Nesta etapa, a população terá acesso aos documentos do edital e poderá fazer contribuições, críticas e sugestões. A consulta ficará aberta até o dia 24 de abril. A publicação do edital de licitação está prevista para junho. O valor do investimento previsto é de R$ 150 milhões ao longo do prazo da concessão de 25 anos.

São 16 linhas propostas para serem implementadas gradualmente, como a ligação da estação Jardim Oceânico do metrô a Rio das Pedras, Linha Amarela e canal de Marapendi; e integração de bairros e pontos de interesse como Gardênia Azul, Muzema, Barra Shopping, Parque Olímpico, Península e condomínios residenciais e comerciais com saídas para as lagoas.

As embarcações sugeridas seguem dois modelos: a maior tem capacidade para até 120 pessoas; e a menor para até 42 pessoas . A previsão é iniciar a operação com 47 veículos e atingir até 91 para atender 29 pontos de embarque e desembarque. A estimativa dos estudos é transportar cerca de 90 mil passageiros por dia em todo o sistema. A tarifa prevista é a mesma dos transportes públicos municipais (R$ 4,30) com integração tarifária e inclusão no sistema de bilhetagem da cidade.

O diretor de estruturação de projetos da CCPar, Lucas Costa, aposta que a instalação do novo modal será atrativa tanto para quem usa transporte público quanto para o usuário de carro particular.

— O transporte aquaviário tem potencial para atrair dois públicos distintos: os moradores de Rio das Pedras, Gardênia e Muzema por exemplo, que enfrentam os severos engarrafamentos dos bairros da Barra da Tijuca e Jacarepaguá em transportes públicos; e os usuários de transportes individuais que moram no Península, na Abelardo Bueno e no Recreio, por exemplo, e que hoje se deslocam de carro até o Metrô — afirma Costa.

Dois grupos foram autorizados a apresentar estudos sobre o novo sistema de mobilidade. Um deles (grupo Itaigara) concluiu o trabalho usado como base pela Prefeitura para estruturar o projeto disponível para consulta da população. Contribuições deverão ser encaminhadas até a data estabelecida pelo endereço de e-mail: [email protected].

Menos carros

 

O transporte público aquaviário tem como alvo principal a retirada de carros das vias da Barra. O plano é ainda facilitar a vida de quem mora em condomínios e comunidades da região e trabalha no Centro ou Zona Sul — ou mesmo no BarraShopping e no Downtown. Para o gerente de Infraestrutura da Firjan, Isaque Ouverney, há demanda por esse serviço, já que boa parte do tráfego circula por vias, como Salvador Allende e Abelardo Bueno, no entorno das lagoas.

— É uma região que cresce cada vez mais, tanto em adensamento populacional quanto em serviços e oferta de empregos. Então, é uma demanda que pode ser destinada a esse tipo de transporte, desde que ele seja acessível em termos de estações e tarifas e integrado a outros modais, como terminal de ônibus, BRT e, principalmente, metrô — afirma.

O engenheiro de transportes Alexandre Rojas, especializado em mobilidade urbana, afirma que a dragagem das lagoas é uma oportunidade:

— É uma alternativa barata e inteligente, que pode atender principalmente à região do Península. Ali, existe um problema de entrada muito grande, vira um funil, e a partir das 17h você já não consegue chegar devido ao engarrafamento. Para funcionar realmente, porém, é preciso ter uma integração eficiente com outros modais.

Presidente da Câmara Comunitária da Barra, Delair Dumbrosck diz que implantar o sistema é uma forma de organizar o transporte nas lagoas e canais, hoje feito por balsas e voadeiras que funcionam como “táxis”:

— Nada disso tem regulamentação, e muitas voadeiras passam em alta velocidade no canal de Marapendi. A prefeitura está certa em querer implementar esse sistema. Mas se não dragarem, não será possível chegar até a altura do metrô ou do BarraShopping, onde fui fazer uma filmagem e fui parar no hospital por causa do gás sulfídrico. O mau cheiro é muito grande.

A Iguá diz que a revitalização do complexo lagunar envolve uma série de ações de curto, médio e longo prazos. Sobre a dragagem, a concessionária informou ter feito a batimetria em 10km dos rios afluentes para medir a profundidade dos leitos. As medições entrarão nos estudos técnicos para o licenciamento ambiental das intervenções junto ao Instituto Estadual do Ambiente (Inea).

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