Por medo, filha do bicheiro Maninho vai depor contra Bernardo Bello por videoconferência

Shanna Harrouche Garcia, filha do bicheiro Waldemir Paes Garcia, o Maninho, vai depor por videoconferência no próximo dia 27, em processo no qual é testemunha de acusação contra o ex-cunhado, o bicheiro Bernardo Bello. O contraventor é acusado de ser mandante da morte de Alcebíades Paes Garcia, tio de Shanna e irmão de Maninho. Desde o início deste mês, o Rio vive mais uma disputa sangrenta pelo controle de pontos de jogo do bicho que já deixou dois mortos, ambos ligados a Bello.

De acordo com decisão do juiz Guilherme Schilling Pollo Duarte, da 1ª Vara Criminal do Rio, na qual autorizou o depoimento à distância, Shanna argumentou “fundado temor” em comparecer à audiência e não está mais morando no Rio. Em 2018, a filha de Maninho foi alvo de uma tentativa de homicídio na Barra de Tijuca, Zona Oeste do Rio, e acusou Bello pelo crime.

O pedido para Shanna depor por videconferência foi feito pelo Ministério Público após o marido dela, Rafael Alves, ter sido ouvido por quase quatro horas. O depoimento, no dia 9 de março, foi o primeiro do processo.

A defesa de Bello foi contra a solicitação do MP, o que Schilling criticou. O magistrado afirmou que o temor de Shanna é justificado, uma vez que em seu depoimento à Delegacia de Homicídios da capital, durante as investigações do assassinato, a filha de Maninho afirmou acreditar que a morte de Bid tenha relação com a guerra da contravenção. A audiência do próximo dia 27 é a terceira do processo.

Guerra na família

Há cerca de 10 anos, Bernardo Bello tomou os pontos de jogo do bicho que eram controlados por Bid. De acordo com Shanna, antes de ser assassinado, em 2020, seu tio fez algumas brincadeiras, afirmando que iria reassumir os negócios que já tinham sido dele.

Bernardo era casado com Tamara Harrouche Garcia, irmã gêmea de Shanna, e comanda o negócio ilegal da contravenção nos pontos que pertencem à família Garcia. Há cerca de cinco anos, Bello cortou uma mesada que era paga a Shanna e outros integrantes da família.

No início do mês, começou uma nova guerra da contravenção em áreas dominadas por Bello. Nos ataques a tiros, dois homens já foram mortos, ambos ligados a Bernardo. Outras cinco pessoas ficaram feridas.

Na última terça-feira, Luiz Cabral, de 42 anos, procurou a 6ª DP (Cidade Nova) para denunciar a guerra. Em seu depoimento, ele admitiu trabalhar como gerente de mais de 40 pontos da contravenção. Apesar de trabalhar em uma área na qual Bello é acusado de comandar os pontos de jogo do bicho, Cabral não aponta o nome do chefe em seu relato aos policiais. Ele afirmou trabalhar para a “família Garcia”.

Ainda na 6ª DP (Cidade Nova), o contraventor disse que vem sendo ameaçado de morte por Adilson Coutinho Oliveira Filho, o Adilsinho, que herdou do pai, Adilson Coutinho Oliveira, pontos de jogo do bicho em parte de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e suspeito de ligação com o mercado clandestino de cigarro. Advogado de Adilsinho, Ricardo Braga nega as acusações.

Luiz Cabral afirmou ainda que Adilsinho recebe o apoio de Rogério Andrade, que assumiu o espólio da família de Castor de Andrade, e de Vinicius Drummond, um dos cinco filhos do “capo” da contravenção Luiz Pacheco Drummond, o Luizinho, que morreu em 2020. Segundo Luiz Cabral, seus inimigos querem assumir a área da família Garcia. Advogado de Vinicius, Max Marques também nega que seu cliente tenha ligação com a disputa e com a contravenção.

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