Polícia quer identificar motorista de aplicativo que levou menina de 12 anos do Rio até o Maranhão

As polícias Civil do Rio e do Maranhão apuram quem foi o motorista responsável por levar a adolescente de 12 anos para a cidade maranhense de São Luís junto com o açougueiro Eduardo da Silva Noronha, de 25 anos. O homem foi preso em flagrante nesta terça-feira por manter a menina em cárcere privado. Ele pagou R$ 4 mil pela viagem. Os investigadores também vão refazer o percurso feito durante a viagem para identificar hotéis pelos quais o grupo pode ter passado.

A distância entre o Rio e São Luís é de mais de 3 mil quilômetros – percurso feito, de carro, em 43 horas. Eduardo, que mora em São Luís, foi para o Rio de Janeiro de avião. No dia 6 de março, ele encontrou com a menina na porta da escola onde ela estuda, em Sepetiba, na Zona Oeste do Rio. A adolescente nem chegou a entrar na escola e seguiu com Eduardo em um carro até São Luís.

– Ele não poderia vir de avião e nem de ônibus com a menina, pois pediriam documentos dela, por isso veio de carro. Vai ser apurado quem é esse motorista, como foi contratado. E esse percurso vai ser refeito – explica o delegado Marcone Matos, da Polícia Civil do Maranhão.

De acordo com a polícia, Eduardo mantinha a menina em cárcere privado na quitinete onde ele mora. A adolescente foi resgatada por volta das 17h30 da última terça-feira no bairro Divinéia, em São Luís. Antes de chegar ao local, os policiais foram a outras quitinetes na região, tentando localizar a menina. Eles contaram com a ajuda de vizinhos, que já tinham percebido a movimentação atípica no imóvel, mas não tinham feito qualquer denúncia à polícia.

A quitinete fica no segundo andar do prédio, com poucos móveis. Na sala, foi encontrada uma mochila rosa da menina, que foi levada por ela ao ser resgatada pelos policiais. Quando os policiais chegaram, a menina estava sozinha. Eles aguardaram Eduardo chegar do trabalho. Por volta das 19h, o açougueiro apareceu e foi preso em flagrante por cárcere privado. Informalmente, a menina relatou aos policiais que viajou por vontade própria, mas não sabia as condições nas quais ficaria. Todos os dias, quando saía para trabalhar, Eduardo trancava a porta e levava a chave consigo.

A menina foi encaminhada para o Conselho Tutelar, onde ficará até a chegada de seus pais a São Luís.

Eduardo continuará sendo investigado por estupro de vulnerável. Em depoimento, ele admitiu à polícia que beijou a menina. Para o delegado Marcone Matos, o beijo já configura ato libidinoso, e em razão da idade da menina – menor de 14 anos – o ato já configura estupro.

No Rio, o caso é investigado pela Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) da POlícia Civil. A delegada titular da unidade, Elen Souto, explicou que a localização da vítima foi possível porque enquanto a menina ainda estava com o seu celular, usou o aparelho na única oportunidade em que foi à rua com Eduardo, para comprar roupas em uma loja. Na ocasião, o celular dela acessou o Wi-fi de uma loja em São Luís, dado que foi obtido pela DDPA. Em sua ida ao estabelecimento, a menina enviou uma mensagem para a irmã pedindo socorro e informando que estava sendo mantida em cárcere pelo homem.

— A partir da solicitação dos dados cadastrais do titular dessa rede de Wi-Fi, nós verificamos que se tratava de um estabelecimento comercial que vendia roupas femininas e verificamos que nessa oportunidade, a vítima se valeu de seu celular para acessar o Instagram e mandar mensagem para sua irmã, dizendo que se encontrava no Maranhão e que estava presa, sendo mantida dentro de um quitinete. Ela não sabia informar o local que ela estava, o bairro que ela estava. Não sabia sequer descrever eventuais vizinhos que existiam na redondeza — detalha Elen.

A delegada acrescentou que com a informação da localização da loja, passou a realizar diligências junto com a Polícia Civil do Maranhão para encontrar a menina.

— Com essas informações, começamos a trabalhar em parceria com departamento de proteção à pessoa de São Luís, em especial o delegado Marconi, e passamos a realizar buscas com as características dadas pela vítima nesse pedido de socorro enviado para sua irmã. Começamos a efetuar buscas nos arredores desse estabelecimento comercial. Estabelecemos um raio e começamos a efetuar buscas — explica.

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