Petro pede renúncia de todos os ministros em meio a disputas sobre reformas
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, pediu a renúncia formal de todo o seu gabinete em decorrência das dificuldades que enfrenta para aprovar suas propostas de reformas no Congresso.
O movimento foi confirmado por dois ministros à agência de notícias AFP, no que configura a maior crise da primeira gestão de esquerda do país latino-americano, no poder há menos de nove meses.
Embora ainda não tenha oficializado a saída dos ministros, Petro já havia sinalizado, na terça (25), uma grande mudança. No Twitter, afirmou que o “convite para um pacto social pela mudança” proposto por seu governo foi rejeitado por um grupo que “não percebeu que a sociedade exige seus direitos”.
Mais cedo, o presidente havia demonstrado sua insatisfação em um evento para entrega de terras na cidade de Zarzal, no oeste colombiano. “Acho que o governo deve se declarar já em estado de emergência”, afirmou ele. “Um governo de emergência que tenha funcionários que trabalhem dia e noite, cujo coração esteja a favor das pessoas humildes, não simplesmente de ganhar salário e comissões, e que seja capaz de superar os enormes desafios que nos pedem no campo. Já não podemos esperar mais.”
Embora pareça radical, a estratégia não é estranha a Petro. Em 2012, quando era prefeito de Bogotá, ele pediu a renúncia de todos os seus secretários no momento em que completava seis meses de gestão. À época, afirmou ao jornal El Tiempo ser necessário assumir riscos, já que a discussão sobre o seu então Plano de Desenvolvimento Distrital estava em andamento.
Em outras frentes, o governo enfrenta grandes desafios. Na terça, o presidente precisou equilibrar pratos após o principal opositor da ditadura venezuelana de Nicolás Maduro, Juan Guaidó, aterrissar em solo colombiano —ele pretendia participar de uma conferência internacional em Bogotá para destravar as negociações entre situação e oposição no vizinho. O encontro, porém, não tinha convidados do regime nem da oposição, e Guaidó acabou voando para Miami, nos EUA, após sua entrada irregular na Colômbia.
“A perseguição da ditadura —do governo de Nicolás Maduro— lamentavelmente se estendeu hoje à Colômbia”, disse o opositor em vídeo filmado dentro de um avião e publicado em sua conta no Twitter.
Petro também encara tensões em seus planos de desarmar a última guerrilha ativa na Colômbia, parte de sua política de “paz total”. No final de março, um ataque do ELN (Exército de Libertação Nacional) deixou ao menos nove militares mortos e nove feridos em El Carmen, no norte, colocando em xeque as conversas.