Número de filiados ao PL emperra com Bolsonaro, e partido fica longe da meta de um milhão; veja o ranking

Integrante do PL há um ano e quatro meses, o ex-presidente Jair Bolsonaro não levou o partido ao boom de filiados que se esperava quando o então chefe do Palácio do Planalto ingressou na legenda, em novembro de 2021. Apesar de ter se tornado o maior partido do Congresso, o objetivo da sigla de Valdemar Costa Neto era também impulsionar as próprias fileiras e chegar a um milhão de membros, mas a meta fracassou. A legenda não só não cresceu, como perdeu quadros. O encolhimento, porém, assolou praticamente todos os partidos do país entre o final daquele ano e março passado, mês em que há os dados mais recentes disponibilizados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Quando o ex-presidente ingressou em 2021, o PL tinha 761.640 inscritos, mas passou a contar com 761.289 membros — 351 a menos. Com isso, o partido de Bolsonaro seguiu como a oitava legenda em número de filiados. No ranking de partidos, o MDB continua na liderança, seguido por PT, PSDB, PP, PDT, União Brasil e PTB.

O movimento vai na contramão do desempenho no Legislativo, em que o PL passou de uma bancada de 42 deputados antes de Bolsonaro entrar e, nas eleições de 2022, elegeu a maior quantidade de parlamentares do Congresso na esteira do bolsonarismo, com 99 cadeiras conquistadas.

A tendência de queda alcança as demais legendas grandes e médias de direita, centro e esquerda. União Brasil (-2,49%), MDB (-2,48%) e PDT (-2,35%) foram os que mais perderam filiados percentualmente no período, sendo superados apenas pelo Novo (-4,62%), uma sigla de pequeno porte. Vice-líder do ranking, o PT permaneceu estável em relação ao número de filiações.

O ex-presidente Bolsonaro já havia enfrentado um revés partidário quando tentou criar o Aliança pelo Brasil e o projeto naufragou. A iniciativa foi levada adiante após a saída do ex-presidente e de seu grupo do PSL, ainda em 2019, primeiro ano de governo. No entanto, mesmo que o objetivo principal fosse estruturar a sigla já para as eleições municipais de 2020, o cenário ficou bem distante: houve pouco mais de 180 mil assinaturas validadas das 492 mil que eram necessárias para a criação do novo partido.

Reservadamente, quadros do PL admitem que as destituições nos diretórios estaduais promovidas para a entrada de Bolsonaro prejudicaram a busca por novos integrantes. Nomes mais vinculados ao Centrão do que à extrema-direita bolsonarista acabaram perdendo espaço em alguns estados e optaram pela desfiliação, sendo acompanhados por aliados, não necessariamente com mandatos.

O partido alega ainda que a multa de R$ 22,9 milhões que foi obrigado a pagar no final do ano passado atrapalhou os planos de crescimento. A sigla foi multada pelo presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, por “tumultuar o regime democrático brasileiro” ao divulgar um parecer questionando a segurança das urnas eletrônicas e, consequentemente, o resultado da eleição que deu a vitória ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Nova tentativa

Desde que Bolsonaro perdeu a corrida eleitoral em que buscava a reeleição, tanto o ex-presidente quanto lideranças bolsonaristas alimentaram, de forma direta ou indireta, a desconfiança no resultado das urnas e incentivaram a iniciativa do PL em colocar em xeque o resultado do pleito de 2022.

Como a estratégia inicial não deu certo, o plano para turbinar as filiações deixou de passar apenas por Bolsonaro. A legenda vai aproveitar as inserções partidárias na televisão, a partir do mês que vem, para promover uma campanha de filiações, usando também a imagem de outros caciques do partido.

— Vamos colocar Jair Bolsonaro, Michelle e as estrelas jovens do PL, como Nikolas (Ferreira) e Carmelo Neto — afirmou Valdemar Costa Neto, em referência ao deputado federal por Minas Gerais e ao deputado estadual pelo Ceará, respectivamente.

O PL chegou a superar os 770 mil filiados entre abril e julho de 2022, mas caiu para 754 mil às vésperas das eleições, em setembro do ano passado. Depois, o partido conseguiu recuperar alguns milhares de filiados para chegar à situação atual.

Em fevereiro de 2022, quatro meses após o ingresso de Bolsonaro, o vice-presidente da legenda, deputado Capitão Augusto (SP), chegou a dizer que o objetivo era ultrapassar a marca de 1 milhão de filiados ainda naquele ano. Hoje, o parlamentar afirma que a falta de uma campanha de filiação atrapalhou o plano e agora renova as projeções.

— Não tenho dúvida nenhuma que vamos ser o maior partido do Brasil em número de filiados — disse Capitão Augusto, ao acrescentar que as eleições municipais do ano que vem também serão relevantes no projeto.

—O Republicanos tem um trabalho constante de conscientização política e uma campanha regular para adesão de novas filiações — afirmou o presidente do partido, Marcos Pereira.

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