Não vamos sair da comunidade. Resposta será dada à altura’ diz secretário de Polícia Civil após morte de policial da Core
O secretário de Polícia Civil do Rio disse, em entrevista ao RJ1, que as tropas policiais não vão sair da Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio, depois da morte de um agente da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) nesta segunda-feira (19). Felipe Curi classificou o ataque como “um atentado terrorista contra o estado” e disse que a polícia “dará uma resposta à altura”.
“Não tem vingança, tem técnica, estamos recebendo informações de inteligência, temos várias investigações em andamento. Nesse momento é importante checar essas informações. A gente não vai sossegar enquanto não prendermos ou tirarmos de circulação esses criminosos se eles decidirem reagir contra nossas equipes”, afirma Curi.
“A reação da polícia depende da ação do criminoso”, conclui. Curi comentou ainda sobre o show de um mc famoso que teve nesta madrugada na comunidade. “Foram exibidos vários fuzis no meio do baile”.
Um vídeo mostra o desespero dos colegas de farda ao socorrer o policial, que morreu em seguida.
Por volta das 12h, a pista da Linha Amarela, sentido Fundão, chegou a ser interditada ao trânsito por conta de um intenso tiroteio. Às 12h30 o tráfego estava liberado ao trânsito. A alça de acesso à via expressa também chegou a ser bloqueada após atearem fogo em barricadas.
A secretaria Municipal de Educação informou que as aulas no turno da tarde na Cidade de Deus estão suspensas. Pela manhã, durante a operação policial, crianças de uma escola precisaram se abaixar no corredor da unidade para se proteger dos tiros. As ruas do bairro ficaram desertas por causa do intenso confronto.
Ate o início da tarde desta segunda, 19 linhas de ônibus tinham tido os itinerários alterados. Em nota, a Rio Ônibus informou que este é o quinto episódio de violência que impacta a circulação de ônibus na cidade só no mês de maio.
Em entrevista ao RJ1, o secretário de Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes Nogueira, explicou que a PM atua no entorno da comunidade para garantir a fluidez no trânsito, segurança das vias e das pessoas que circulam. “Determinei um reforço maciço para garantir que as pessoas tenham o menor impacto em seu dia a dia”, ressaltou.
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Coliformes fecais no gelo
Em fevereiro, uma blitz constatou, após laudos periciais, a presença de coliformes fecais no produto oferecido.
Agentes do Inea, da Delegacia do Consumidor e da Delegacia do Meio Ambiente saíram para cumprir 10 mandados de busca e apreensão.
A polícia verifica também a regularidade do consumo de água e de energia elétrica, além de possíveis crimes ambientais e contra o consumidor.
Na ação de fevereiro, 4 caminhões lotados de gelo de procedência duvidosa foram apreendidos a caminho da orla da Zona Oeste. O laudo de potabilidade dessa água realizado pelos técnicos da Cedae constatou que ao menos uma fábrica, localizada na Cidade de Deus, vendia gelo contaminado por coliformes fecais e outras substâncias nocivas à saúde.
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Quem era o policial
O policial civil José Antônio Lourenço, morto na manhã desta segunda-feira (19) durante a Operação Gelo Podre, era agente da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), a tropa de elite da instituição, e já foi subsecretário de Ordem Pública do Rio de Janeiro.
A equipe da qual Lourenço fazia parte dava apoio às delegacias do Consumidor e do Meio Ambiente no cumprimento de mandados de busca na Cidade de Deus. Houve intenso confronto.
De acordo com a Secretaria Estadual de Polícia Civil, Lourenço foi socorrido e levado para o Hospital Municipal Lourenço Jorge. Ele foi submetido a um procedimento cirúrgico, mas não resistiu aos ferimentos.
“A perda de um dos nossos é sentida com dor e indignação. A secretaria se solidariza com os familiares, amigos e colegas neste momento de luto, também vivido por cada um da instituição”, disse a pasta.
Lourenço também era o diretor jurídico do Sindicato dos Policiais Civis e fundou a Evolugis, uma consultoria de “gestão e liderança empresarial”.
“É um fato: a gestão é um elemento crucial para o sucesso de qualquer empreendimento. E quando falamos de gestão de pessoas, essa importância se torna ainda mais evidente, porque são as pessoas que fazem negócios acontecerem”, postou.