Mural no Rio homenageia Ziraldo; veja como está ficando
A Cidade Nova está ganhando um painel de mais de 300 metros quadrados em homenagem ao cartunista e escritor Ziraldo. O mineiro escolheu o Rio de Janeiro para morar e morreu em abril, aos 91 anos.
A obra de arte reúne personagens famosos criados por Ziraldo, como “O Menino Maluquinho” e “Turma do Pererê”, e terá também uma grande caricatura do artista de braços abertos.
A pintura vai ficar em um muro na Rua Ulysses Guimarães, ao lado do Centro de Operações da prefeitura. Os artistas começaram a preencher os desenhos nesta madrugada, e a previsão é que a obra fique pronta em 10 dias.
O trabalho é desenvolvido pelo artista Leandro Ice, com produção de Caíque Torrezão.
Também chargista, caricaturista e jornalista, Ziraldo foi um dos fundadores nos anos 1960 do jornal “O Pasquim”, um dos principais veículos a combater a ditadura militar no Brasil.
Grande Ziraldo
Ziraldo Alves Pinto nasceu em 24 de outubro de 1932 em Caratinga (MG), onde passou a infância. Mais velho de uma família com 7 irmãos, foi batizado a partir da combinação do nome da mãe (Zizinha) com o nome do pai (Geraldo). Leitor assíduo desde a infância, teve seu 1º desenho publicado quando tinha apenas 6 anos de idade, em 1939, no jornal “A Folha de Minas”.
Iniciou a carreira nos anos 1950, na revista “Era uma vez…”. Em 1954, passou a fazer uma página de humor no mesmo “A Folha de Minas” em que havia estreado.
Em 1957, formou-se em Direito na Faculdade de Direito de Minas Gerais, em Belo Horizonte. No mesmo ano, entrou para o time das revistas “A Cigarra” e, depois, “O Cruzeiro”. Em 1958, casou-se com Vilma Gontijo, sua namorada havia 7 anos. Tiveram 3 filhos, Daniela, Fabrizia e Antônio.
Já na década seguinte, destacou-se por trabalhar também no “Jornal do Brasil”. Assim como em “O Cruzeiro”, publicou charges políticas e cartuns. São dessa época os personagens Jeremias, o Bom, Supermãe e Mineirinho.
No período, pôde enfim realizar um “sonho infantil”. Ele se tornou autor de histórias em quadrinhos e publicou a 1ª revista brasileira do gênero com um só autor, sobre a “Turma do Pererê”.
Os personagens eram um pequeno índio e vários animais que formam o universo folclórico brasileiro, como a onça, o jabuti, o tatu, o coelho e a coruja.
A revista deixou de ser publicada em 1964, a partir do início do regime militar. Cinco anos mais tarde, Ziraldo fundou, com outros humoristas, “O Pasquim”.
Com textos ácidos, ilustrações debochadas e personagens inesquecíveis, como o Graúna, os Fradins ou o Ubaldo, o semanário entrou na luta pela democracia.
Ao mesmo tempo que combatiam a censura, Millôr, Henfil, Jaguar, Tarso de Castro, Sérgio Cabral, Ivan Lessa, Sérgio Augusto e Paulo Francis, dentre outros colaboradores do jornal, sofriam com ela.
Um dia depois do AI-5, baixado em 13 de dezembro de 1968, Ziraldo foi detido em casa e levado para o Forte de Copacabana.
Em 1969, publicou seu primeiro livro infantil, “FLICTS”. Em 1979, passou a se dedicar à literatura para crianças.
Seu maior sucesso, “O Menino Maluquinho”, saiu em 1980. É considerado um dos maiores fenômenos do mercado editorial brasileiro em todos os tempos.