Miliciano Pet, comparsa do Zinho e que tinha saído da cadeia mesmo com ordem de prisão, é recapturado
O miliciano Peterson Luiz de Almeida, conhecido como Pet, foi preso por agentes da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) nesta quinta-feira (29). Ele estava foragido desde outubro do ano passado, quando deixou a cadeia mesmo tendo um mandado de prisão em aberto.
O Setor de Inteligência da Seap afirmou que ele estava sendo monitorado desde então, mas a prisão só ocorreu agora.
“O miliciano estava foragido e vinha sendo monitorado pela Subsecretaria de Inteligência da Seap (Ssispen) e pela 2ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Territorial da Área de Bangu e Campo Grande do Núcleo Rio de Janeiro (MPRJ) desde novembro passado, quando deixou a Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, após cumprir prisão temporária”, diz a Seap.
Os investigadores afirmam que Pet está diretamente ligado às disputas armadas por territórios entre os grupos atuantes na Zona Oeste do Rio e que tem participação na morte de Sérgio Rodrigues da Costa Silva, o Sérgio Bomba, que foi executado em um quiosque no Recreio dos Bandeirantes em janeiro deste ano.
As investigações apontam que era Pet quem negociava e comprava armas para a milícia, e que continuava na ativa mesmo após sair da cadeia.
MP investiga saída da cadeia
Na época em que Pet foi solto, o Ministério Público do Rio (MPRJ) abriu um inquérito para investigar o caso. O órgão identificou falhas na comunicação entre a Justiça e o sistema penitenciário do estado.
Os encarregados pelas investigações apontam problemas diferentes.
O MPRJ afirma que diligências iniciais revelam falha no funcionamento do Banco Nacional de Mandados de Prisão, administrado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), além de restrições de acesso ao banco por parte dos órgãos de segurança do Rio.
Os promotores também constataram ausência de protocolos de comunicação entre o poder judiciário e a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), “o que gera inconsistências, insegurança jurídica e espaço para práticas ilícitas, ora promovendo a soltura indevida, ora acarretando retenção injustificadas de pessoas privadas de liberdade.”
Já o CNJ afirmou que a consulta ao banco nacional não exclui a necessidade de comunicação formal e em tempo hábil da expedição de mandado de prisão aos estabelecimentos prisionais.
E apura se houve falha de servidores do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ), ao preencher os dados que alimentam o Banco Nacional de Mandados de Prisão. O CNJ também investiga se houve erro ou corrupção na liberação de Peterson.
O miliciano estava na Unidade Prisional José Frederico Marques. Ele é integrante do grupo de Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho. No ano passado, o bando mandou queimar 35 ônibus e a cabine de um trem na Zona Oeste.
Peterson tinha sido preso no fim de agosto. Na quinta-feira (26), o TJRJ converteu a prisão temporária do bandido em preventiva, para mantê-lo na cadeia.
O CNJ informou que investiga outras liberações suspeitas de presos, não só aqui no Rio. Uma delas é a de Wilton Carlos Quintanilha, o Abelha, um dos chefes da maior facção criminosa do estado.
Em 2021, Abelha, deixou o presídio caminhando, mesmo com um mandado de prisão em aberto.
Mas o MPRJ já arquivou este caso, porque concluiu que o cartório levou 12 dias para alimentar o Banco Nacional de Mandados de Prisão.