Justiça manda soltar sobrinha do Tio Paulo, mas a torna ré por estelionato e vilipêndio de cadáver

A Justiça do RJ mandou soltar Érika Souza, a sobrinha do Tio Paulo.

Esta reportagem está em atualização.

O Ministério Público do Rio (MPRJ) denunciou, nesta terça-feira (30), a sobrinha que levou o tio já morto para pegar um empréstimo em um banco por vilipêndio de cadáver e tentativa de estelionato. Érika Souza passou a ser investigada também, em outro inquérito, por homicídio culposo – quando não há a intenção de matar.

Na denúncia, a promotora de Justiça Débora Martins Moreira destaca que Érika demonstrou “desprezo e desrespeito” pelo idoso ao levá-lo ao banco morto para realizar o saque o dinheiro.

“A DENUNCIADA, consciente e voluntariamente, vilipendiou o cadáver de Paulo Roberto Braga, seu tio e de quem era cuidadora, ao levá-lo à referida agência bancária e lá ter permanecido, mesmo após a sua morte, para fins de realizar o saque da ordem de pagamento supramencionada, demonstrando, assim, total desprezo e desrespeito para com o mesmo”, diz um trecho do documento.

Além da denúncia, o MPRJ se manifestou contrário a um pedido da defesa de Érika de liberdade provisória.

Na conclusão do relatório enviado ao MPRJ, o delegado que investiga o caso diz ter certeza de que Érika sabia que Paulo Roberto Braga já estava morto dentro do banco.

“Não há dúvidas que Érika sabia da morte de Paulo, mas, como era a última chance de retirar o dinheiro do empréstimo, entrou com o cadáver no banco, simulou por vários minutos que ele estava vivo, chegando a fingir dar água, pegou a caneta e segurou com sua mão junto a mão do cadáver de Paulo, contudo, como os funcionários do banco não dispersaram a atenção, não pôde fazer a assinatura”, escreveu Fabio Luiz Souza, da 34ª DP (Bangu).

Já a investigação por homicídio culposo ocorre por grave “omissão de socorro”. Érika está presa preventivamente em Bangu.

Conversa com o cadáver

Em 16 de abril, Érika levou o tio, em uma cadeira de rodas e completamente imóvel e de olhos fechados, para tentar sacar um empréstimo em um banco em Bangu, na Zona Oeste do Rio.

Um vídeo feito pelas atendentes do banco mostra que a todo tempo Érika tentava manter a cabeça do homem levantada, usando a mão, e conversava com o suposto parente – que, claro, não responde.

“Tio, tá ouvindo? O senhor precisa assinar. Se o senhor não assinar, não tem como. Eu não posso assinar pelo senhor, o que eu posso fazer eu faço”, afirma a mulher.

Ela mostra o documento e afirma que ele tinha que assinar da forma que estava ali e diz: “O senhor segura a cadeira forte para caramba aí. Ele não segurou a porta ali agora?”, pergunta às atendentes, que dizem não ter visto.

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