‘Foi derramado sangue humano ali’ diz bispo auxiliar sobre invasão da Igreja de São Jorge, em Quintino

Perseguido pela polícia após confronto no Morro do Fubá, um criminoso invadiu a Igreja de São Jorge, em Quintino, na Zona Norte do Rio, na noite de segunda-feira e tomou um dos diáconos da paróquia como refém. Surpreendidos pela ação, fiéis que que aguardavam o início da missa das 19h fugiram assustados do local. Em seguida, policiais militares entraram no templo, balearam o bandido e libertaram o refém. O homem foi levado ferido ao Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier. Um fuzil foi apreendido na ação.

— É uma situação complexa, difícil dizer uma palavra sobre o fato. As igrejas não são locais para esse tipo de evento, mas consagrados à paz, à contemplação e à oração. Quando acontece um ato de tal gravidade é necessário que façamos uma celebração em desagravo. Foi derramado sangue humano ali. Sem entrar o mérito do que aconteceu, é preciso que aquele lugar, que é sagrado, seja purificado — disse Dom Antônio Luiz Catelan Ferreira, bispo auxiliar da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, responsável por mais de 60 paróquias na região de Quintino, Madureira e Pavuna.

Na noite de terça-feira, Dom Antônio Catelan foi até a Igreja de São Jorge onde rezou uma missa em desagravo diante do ato de violência ocorrido no local. Em pouco menos de um ano como bispo auxiliar na região, essa foi a terceira vez que o sacerdote teve que celebrar uma missa relacionada a ocorrências violentas na região. Em janeiro deste ano a Capela de São José da Pedra, em Madureira, foi invadida e depredada. Há um ano, em fevereiro de 2022, a Igreja de São Luiz Gonzaga, no mesmo bairro, foi alvo de ladrões que roubaram objetos sagrados de metal.

Em meio a disputas entre o tráfico e a milícia pelo controle territorial de comunidades do Campinho, na Zona Norte da cidade, a Igreja de São Jorge já teve que suspender a realização de missas em outras ocasiões. Em novembro do ano passado, por exemplo, a paróquia recebeu ordem de traficantes para não celebrar a missa do Dia de São Jorge. Segundo o padre Dirceu Rigo, a informação para fechar a igreja chegou por meio de mensagens enviadas por aplicativo a fiéis e alguns comunicados pessoalmente.

— É uma região muito marcada e que vive um momento especialmente delicado do ponto de vista da segurança. Onde há confronto cria-se sempre uma situação muito difícil para os moradores. O que todos queremos é paz — disse Dom Catelan.

A Arquidiocese divulgou nota sobre o caso na qual afirma que se solidariza com os fiéis da Paróquia de São Jorge e afirma que “marcas de tiro foram encontradas na capela e sangue espalhado na frente do altar, porém ninguém mais (além do fugitivo) foi ferido”.

Veja a íntegra da nota da Arquidiocese:

“Nota de solidariedade com os fiéis da Paróquia São Jorge, no bairro de Quintino, pelo momento de violência ocorrido nesta noite de 06 de fevereiro.

A Arquidiocese do Rio de Janeiro foi surpreendida na noite, 06/02/23, com uma invasão dentro da Paróquia São Jorge em Quintino, no Rio de Janeiro. A comunidade estava prestes a iniciar a celebração da missa.

Um homem, após roubar um carro e fugir da polícia, entrou na igreja, refugiou-se na Capela do Santíssimo e fez um diácono de refém. A polícia ao entrar disparou acertando somente o fugitivo. O Corpo de Bombeiro foi chamado e ele foi levado com vida, para atendimentos. Marcas de tiro foram encontradas na capela e sangue espalhado na frente do altar, porém ninguém mais foi ferido. O Padre presente no momento, deu toda a assistência aos fiéis e seguiu com todo o procedimento de fechamento e limpeza do templo”.

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