FAO/ONU e governo brasileiro assinam acordos de cooperação para o combate à fome
O diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO/ONU), Qu Dongyu, durante passagem pelo Brasil entre a segunda (11) e a quarta (13), participou da assinatura de três memorandos de entendimento e uma carta de intenções com o governo brasileiro para fortalecer políticas de combate à fome e erradicação da pobreza.
Os compromissos de cooperação foram assinados em cerimônia realizada no Palácio do Itamaraty, em Brasília, na última terça-feira (12). Participaram do evento, além de Qu Dongyu, o ministro de Relações Internacionais do Brasil e chanceler, Mauro Vieira, entre outras autoridades.
Os acordos firmados preveem a promoção do desenvolvimento rural e agrícola, por meio de inovações e tecnologias, a promoção do desenvolvimento inclusivo e sustentável na Amazônia Legal, além do apoio às atividades de bioeconomia e de conservação da biodiversidade não apenas da Amazônia, mas também de outros biomas importantes para o país e para a região.
A expectativa é que, a partir destas linhas de trabalho, seja possível fortalecer as políticas e ações de combate à fome e erradicação da pobreza não só no país, mas também na América Latina e no Caribe.
“O Brasil é um grande país não apenas pela sua gente, seus recursos, e sua cultura, também é grande pela sua paixão em fornecer comida de qualidade para sua gente e para o mundo. Seguiremos trabalhando juntos para garantir alimentação às pessoas, para acabar com a fome e erradicar a pobreza”, disse o diretor-geral da FAO, Qu Dongyu, durante o ato de assinatura.
O último relatório da ONU sobre o estado da segurança alimentar e nutrição no mundo, elaborado por meio de cinco agências especializadas da Organização das Nações Unidas, aponta que um milhão e meio de brasileiros entraram para as estatísticas da fome crônica nos últimos três anos e sofrem com a desnutrição. Ao todo, são mais de 10 milhões de pessoas, o que representa quase 5% da população.
Já em relação à insegurança alimentar, que é quando falta ou há dificuldade em adquirir alimentos e refeições, o relatório apontou que, no Brasil, 70 milhões de pessoas nem sempre tiveram o que comer em quantidade suficiente, pularam refeições ou trocaram alimentos por outros de pior qualidade.
Desse total, 21 milhões ficaram sem comer por um dia ou mais, ou 10% da população. São pessoas que enfrentam a insegurança alimentar grave. Entraram para esta estatística, desde o último levantamento, quase 6 milhões de brasileiros.
A FAO/ONU afirma que trabalha junto aos países membros para transformar os sistemas agroalimentares para que sejam mais eficientes, inclusivos, resilientes e sustentáveis, em busca de melhor produção, melhor nutrição, melhor meio ambiente e melhor qualidade de vida, sem deixar ninguém para trás.
Também são parceiros dos termos de cooperação assinados o Ministério de Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR), a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e o Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES).
Os três acordos foram assinados por representantes de cada uma das instituições, entre eles o ministro de Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR), Waldez Góes e o representante regional da FAO para a América Latina e o Caribe, Mario Lubetkin.
Cartas de intenção
Já as cartas de intenção trocadas entre a FAO e o governo brasileiro preveem a criação de um “Centro de Cooperação Sul-Sul Trilateral Josué de Castro”, com o objetivo de promover intercâmbios e experiências, além de fortalecer, a nível global, a segurança alimentar e nutricional da população e sistemas agrícolas sustentáveis.
O Centro também terá papel fundamental no fomento da pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias para a promoção da sustentabilidade na agricultura tropical, incluindo a cooperação entre pesquisadores para indicadores específicos que permitirão identificar desafios e oportunidades na garantia da segurança alimentar e produção de alimentos.
“O Brasil compartilha com a FAO valores fundamentais como a prioridade da eliminação da fome e da pobreza, e como interesses comuns compartilhamos o aumento da produtividade agrícola, a promoção da sociobioeconomia e o desenvolvimento sustentável no Brasil e no mundo”, ressaltou o chanceler Mauro Vieira.