28 de março de 2025

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Facção permite atuação de quadrilha alvo da Operação Omiros em troca de parte do lucro: ‘Coworking do crime’

Até o momento, 37 pessoas já foram presas nesta terça-feira (18)

 

As investigações da Delegacia de Defesa de Serviços Delegados (DDSD) identificaram que o Comando Vermelho (CV) permite que a quadrilha de roubos de celulares e extorsão, alvo de operação realizada nesta terça-feira (18), realize os crimes em sua área de domínio em troca de parte do lucro. A medida foi definida como “coworking do crime” pelo delegado Pedro Bittencourt Brasil. Até o momento, 37 pessoas já foram presas na Operação Omiros. São mais de 40 mandados de prisão a serem cumpridos.

Segundo a Polícia Civil, o primeiro ato dos integrantes do grupo consiste em roubar os telefones em áreas de grande circulação de pessoas, como a Central do Brasil, no Centro, no calçadão de Bangu, na Zona Oeste, e em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e posteriormente ameaçar as vítimas para extorqui-las com o objetivo de conseguir as senhas dos dispositivos e vender os aparelhos.

Para conseguir exclusividade no fornecimento dos celulares, os líderes da quadrilha forneciam armas aos assaltantes, evitando intermediários e estabelecendo vínculos com traficantes, que autorizavam os roubos nas suas áreas de domínio.

“Há muito tempo que essa facção deixou de apenas vender drogas. Hoje, ela explora territórios e, dentro destes, pratica diversos crimes e às vezes subloca o espaço para que outros pratiquem crimes. Eu chamo de ‘coworking do crime’. O roubo é apenas mais um, assim como o transbordo do roubo de carga, clínicas de aborto, local de depósitos de produtos pirateados, venda de gás e internet. Há muito tempo deixou de ser apenas tráfico. Hoje, eles funcionam como narcoterroristas. É muito mais grave. Isso é uma afronta ao estado e uma afronta a soberania”, disse o delegado.

A palavra “coworking”, em tradução livre, significa “trabalhando junto”. O termo consiste em um espaço de trabalho compartilhado por várias pessoas.

Forma de atuação

A investigação da especializada começou há dois anos. De acordo com o apurado, os bandidos não apenas roubavam os dispositivos, mas pressionava violentamente as vítimas para obter senhas e acessos aos dispositivos. Os criminosos faziam uso de ameaças diretas, intimidação psicológica e coação financeira, exigindo pagamentos e outras informações, inclusive para familiares das vítimas.

“Eles tinham um núcleo que era responsável pelo fornecimento de armas, outro pela prática do roubo em si, um pela receptação dos celulares e, para nossa surpresa, um responsável por praticar extorsões. Após o roubo dos celulares bloqueados, esse núcleo fazia uma pesquisa sobre os dados dos proprietários daquele celular e depois mandavam mensagens ameaçadoras com fotos de armas dizendo que conheciam os familiares e sabiam onde eram os endereços. ‘Se você não liberar a senha, eu vou te matar’, dizia uma mensagem”, explicou Brasil.

Após o roubo, os integrantes do grupo utilizavam diferentes métodos para coagir as vítimas a fornecerem senhas, tais como:

– Ameaças diretas via WhatsApp e SMS: fotos de armas de fogo e exposição de dados pessoais das vítimas, incluindo endereços e nomes de familiares, eram enviados para gerar pânico.
– Uso de informações adquiridas na “dark web”: criminosos acessavam bases de dados para personalizar as ameaças e aumentar sua eficácia.
– Golpes de “phishing”: mensagens falsas induziam vítimas a inserir credenciais em sites fraudulentos, permitindo que os criminosos desbloqueassem os celulares e acessassem aplicativos bancários.
– Pressão psicológica e chantagem financeira: algumas vítimas eram obrigadas a fazer transferências bancárias para evitar que suas informações fossem vazadas ou repassadas a facções criminosas.

Quando esses métodos falhavam, os celulares eram desmontados e vendidos como peças para assistências técnicas clandestinas.

Uma vítima esteve na Cidade da Polícia nesta terça-feira (18) e contou que foi alvo da quadrilha depois de anunciar um celular em um site de vendas. Segundo a mulher, que preferiu não se identificar, ela recebeu um comprovante falso de pagamento e entregou o aparelho. Desde então, não recebeu o dinheiro.

“Eu anunciei no dia 12 de fevereiro e à noite mesmo começaram a me procurar. Pediram para fazer tudo por WhatsApp e que a negociação ia ser toda por e-mail, onde chegou um comprovante falso de pagamento com um falso de cadastro de dados bancários. Falaram que eu ia receber em dois dias úteis. A pessoa o tempo todo pedia pressa, dizendo que eu só tinha duas horas para mandar o telefone. Só percebi que era um golpe no dia 14 porque não caiu o dinheiro. Na esperança alguma justiça e que outras pessoas não caiam nesse golpe”, comentou.

Lavagem de dinheiro

Segundo o apurado, o grupo montou uma complexa estrutura financeira para lavar o dinheiro obtido com a venda dos celulares desbloqueados e das extorsões. O dinheiro era:

– Distribuído entre contas bancárias de terceiros, evitando rastreamento.
– Sacado em espécie e escondido em locais estratégicos, garantindo fluxo de caixa para as operações criminosas.
– Utilizado para financiar traficantes e manter criminosos presos e suas famílias, assegurando lealdade e continuidade do esquema.

Além disso, a investigação revelou que os criminosos ostentavam luxo nas redes sociais, com a compra de bens de alto valor e festas financiadas pelo crime.

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