Exposição de artistas têxteis de Teresópolis vira documentário sobre ancestralidade feminina

Já disponível para o público de forma online, o filme “Memorare – Da pele da Anciã” conta com a participação de um grupo de artistas têxteis de Teresópolis que, através de cartas bordadas, tecidas e lidas em voz alta resgatam a narrativa de mulheres diversas, evidenciando a importância da oralidade feminina na perpetuação de antigos saberes. Dirigido pela antropóloga Olivia von der Weid, o documentário também está disponível em sua versão com audiodescrição e legenda descritiva.

Ao longo da construção da sociedade brasileira, diversas figuras femininas foram apagadas da história oficial do país e da árvore genealógica das famílias, na qual apenas o nome do pai é passado através das gerações. Por este motivo, o filme “Memorare – Da pele da Anciã” lança luz no poder de resistência da cultura oral e, através de um processo poético, convida à conexão com as raízes de nossa linhagem matrilinear ao revelar as cartas escritas pelas tecelãs às suas mães, tias e avós – mulheres com histórias tão semelhantes à de tantas outras brasileiras.

Com o patrocínio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado do Rio de Janeiro e o apoio do LAB CONATUS/UFF, Centro Cultural FESO ProArte, Atelier Têxtil e do Grupo Teatral MOITARÁ, o documentário é resultado do projeto de pesquisa “Memorare”, que surgiu a partir da doação de um antigo tear pertencente a Heloisa Bevilaqua, avó de Olivia von der Weid, para a artista têxtil Silviane Lopes – atualmente professora de tecelagem manual no Centro Cultural Feso ProArte e na cidade de Teresópolis.

O gesto deu origem à exposição homônima, que apresentou ao público uma instalação feita a partir do tear ancestral, do qual surgia um longo tecido com diversos tons de pele. Em meio à trama, fios vermelhos, tecidos coletivamente pelas tecelãs, interligavam cartas de mulheres para suas ancestrais, lembrando dores, lutas, amores, costuras e pensamentos. Também foi realizada uma performance teatral apresentada pela atriz Erika Rettl intitulada “O tempo e o vento”, que trouxe palavras de Heloisa Bevilaqua, retecidas em forma de carta pelas mãos de sua neta Olivia.

“O projeto, que culmina com o lançamento do documentário, resgata saberes e modos de ser, fazer e viver aprendidos de mulher para mulher, formando uma rede de cuidado e oralidade que compõe o feminino nas famílias brasileiras. As histórias narradas contribuem para construção de uma nova trama sociocultural, repensando valores esquecidos, reconectando os fios da história para tecer novos sentidos poéticos e políticos para o tempo presente”, refletem as idealizadoras do projeto, Olivia, Silviane e Erika.
O filme pode ser visto no canal do projeto no Youtube e contará também com making of, no qual as artistas participantes foram entrevistadas e contam sobre suas histórias e experiências. Para obter mais informações sobre o projeto Memorare e a exposição que precedeu o filme, visite o site https://portalmemorare.wordpress.com/

Sobre o filme “Memorare – da pele da anciã”:

Ficha Técnica

DIREÇÃO Olivia von der Weid

ROTEIRO Olivia von der Weid, Silviane Lopes e Erika Rettl

EDIÇÃO FINAL Carol Lobo

PRIMEIRA EDIÇÃO Julia Rufino

TEXTO CONDUTOR DE APRESENTAÇÃO DO PROJETO Olivia von der Weid

TRECHO CARTAS ESCRITAS PARA AS ANCESTRAIS

Por ordem de entrada: Maria Célia, Solange Bastos, Gislana Vale, Wanda Silva, Solange Bastos, Maria de Fátima Muniz, Nahyda Franca, Gislana Vale, Nanci Lopes, Maria de Fátima Muniz, Nahyda Franca

POEMA NASCEDOUROS Sofia M’bicy

FILMAGEM EXPOSIÇÃO Brenner Moraes de Carvalho (Imagética Filmes)

ENSAIOS FOTOGRAFICOS: DA PELE DA ANCIÃ /ESCRITA EM MATÉRIA VIDA Olivia von der Weid

FOTOS EXPOSIÇÃO Lucia Raphaela Werneck, Erika Rettl, Jeferson Hermida – Centro Cultural FESO ProArte

ARQUIVO DE IMAGENS DA NATUREZA Olivia von der Weid

EDIÇÃO SOM E TRILHA SONORA Denis Lopes

CÂNTICOS POPULARES Maria de Fátima Muniz e Mônica Gomes Muniz, etnia Tupinambá, povo Pataxó Hahahãe

ACESSIBILIDADE Laysa Elias Gislana Monte Vale

PRODUÇÃO CULTURAL Yug Werneck

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