Covid acelera progressão de todos os tipos de demência, mostra novo estudo

Desde o início da pandemia do novo coronavírus, neurologistas notaram síndromes neurológicas agudas e de longo prazo, além de sequelas neuropsiquiátricas dessa doença infecciosa. No entanto, depois de três anos, o impacto da Covid-19 na cognição humana ainda permanece obscuro.

Para tentar jogar um pouco de luz sobre o assunto, pesquisadores do Bangur Institute of Neurosciences, na Índia, e do University Hospital 12 de Octubre, na Espanha, investigaram os efeitos da Covid-19 no comprometimento cognitivo em 14 pacientes com demência preexistente que apresentaram aceleração da deterioração cognitiva após Covid. Destes, quatro tinham Alzheimer, cinco com demência vascular, três com Parkinson , e dois com a variante comportamental de demência frontotemporal.

Os resultados mostraram que todos os participantes apresentaram uma rápida progressão da doença após uma infecção pelo novo coronavírus, independentemente do tipo de demência inicial. Além disso, a linha de demarcação entre os diferentes tipos de deterioração neurológica ficou mais difícil após a Covid-19.

Os pesquisadores também descobriram que as características de um determinado tipo de demência mudaram após a infecção e as demências degenerativa e vascular começaram a se comportar como demência mista, tanto clínica quanto radiologicamente. Além disso, em pacientes com demência lentamente progressiva que eram previamente estáveis ​​cognitivamente, houve um curso de deterioração rápida e agressiva .

A atrofia cortical também ficou evidente nos acompanhamentos subsequentes do estudo.

A rápida progressão da demência, a adição de mais deficiências/deterioração das habilidades cognitivas e o aumento ou novo aparecimento de lesões na substância branca sugerem que cérebros previamente comprometidos têm pouca defesa para resistir a um novo ataque, como a provocada pelo Sars-CoV-2 no cérebro.

Com base nos resultados deste estudo, os pesquisadores dizem que “névoa cerebral”, termo comumente usado para descrever o impacto da Covid-19 no cérebro, deve ser alterado para ‘FADE-IN MEMORY’, sigla para “fadiga, diminuição da fluência, déficit de atenção, depressão, disfunção executiva, velocidade de processamento de informações diminuída, e comprometimento da memória subcortical.

“Como o envelhecimento da população e a demência estão aumentando globalmente, acreditamos que o reconhecimento de padrões de déficits cognitivos associados à Covid-19 é urgentemente necessário para distinguir entre os prejuízos cognitivos associados à Covid-19 per se e outros tipos de demência. Esse entendimento terá um impacto definitivo em futuras pesquisas sobre demência”, concluiu o médico Souvik Dubey, do Departamento de Neuromedicina do Bangur Institute of Neurosciences (BIN) e investigador principal do estudo.

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