Coordenadora de posto de saúde que teve nome usado em cartão de vacina da esposa de Mauro Cid nega envolvimento em fraude: ‘Tenho ética profissional’

Enfermeira conta que atuava em um local distinto do que Farley Vinícius de Alcântara, mas que já fez dois plantões com ele. Médico é alvo da Polícia Federal suspeito de ter cometido a fraude.

 

A enfermeira Dzirrê de Almeida Gonçalves, coordenadora de uma unidade de saúde de Cabeceiras, no Entorno do Distrito Federal, foi uma das profissionais que teve o nome colocado no cartão de vacina fraudado de Gabriela Santiago Cid, esposa Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. Além de negar ter envolvimento na fraude que o médico Farley Vinícius de Alcântara é suspeito, Dzirrê conta estar abalada com toda a situação envolvendo seu nome.

“Trabalho há quase cinco anos na administração do PSF e isso nunca aconteceu. Tenho uma ética profissional, nunca vou fazer uma coisa dessa. Não tenho nada a ver com isso, meu nome foi usado”, afirmou a coordenadora.

 

Dzirrê conta que, atualmente, trabalha na coordenação da chamada ‘Unidade Básica de Saúde 3’ na cidade. No entanto, em 2021, época em que aconteceram as fraudes, atuava no posto de saúde em que ocorriam as vacinações da Covid-19. Já o médico, na ocasião, segundo a prefeitura, atuava como clínico geral do hospital municipal da cidade.

Farley é sobrinho do sargento do Exército Luís Marcos dos Reis, ex-integrante da equipe de Mauro Cid, que foi preso na quarta-feira (3), durante a operação deflagrada pela Polícia Federal. O g1 não conseguiu localizar a defesa do médico para um posicionamento até a última atualização desta reportagem.

“Selecionaram uma unidade de saúde para fazer as vacinas de Covid e era o que eu trabalhava. Eu sempre fui enfermeira coordenadora, não aplico vacinas”, pontuou.

 

A enfermeira coordenadora conta, inclusive, que como ela e o médico trabalhavam em locais distintos, não tinham contato no dia a dia. No entanto, ela explica ter conhecido ele profissionalmente e já ter atuado com ele em dois plantões que ela realizou no hospital municipal. Segundo ela, na época, não suspeitou de nada quanto a conduta de Farley.

“Fiz uns dois plantões com ele e conheci ele nesses plantões, mas ele era um ótimo profissional e muito reservado, era totalmente fora de suspeitas”, descreveu Dzirrê.

 

“Acredito que ele tenha pego o cartão de vacina de uma pessoa que realmente vacinou aqui na cidade, que realmente possa ter vacinado com a gente e ele tenha transcrevido isso para outro cartão, mas não sei o que passou na cabeça”, deduziu a coordenadora.

 

Ao g1, ela contou esperar que, com as investigações realizadas, os fatos sejam esclarecidos.

“Quando a gente vê nosso nome em uma situação dessas, ficamos muito abaladas. Quero que [com a investigação] se esclareça tudo. Quero a verdade. Se ele teve ajuda de alguém daqui, queremos que apareça quem foi”, disse Dzirrê.

 

Carteira de vacinação da esposa do Coronel Cid preenchido com duas doses de vacinas contra a Covid — Foto: Reprodução

Carteira de vacinação da esposa do Coronel Cid preenchido com duas doses de vacinas contra a Covid — Foto: Reprodução

Fraude em cartão de vacina

 

De acordo com a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a operação deflagrada pela Polícia Federal (PF), para a prática da suposta fraude, Farley foi acionado por seu tio, Luís Marcos dos Reis, ex-integrante da equipe de Mauro Cid, que também é alvo da investigação da Polícia Federal. O médico foi acionado enquanto ainda prestava serviços para a prefeitura de Cabeceiras, em 2021.

Na ocasião, o médico teria conseguido um cartão de vacinação da Secretaria de Saúde do município de Cabeceiras, que estaria preenchido com duas doses de vacina contra a Covid-19, com o nome de Gabriela Cid.

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