Constituinte do Chile, nascida após protestos da esquerda, terá controle da direita
O grande vencedor das eleições deste domingo (7) para o Conselho Constituinte do Chile foi o Partido Republicano, da direita radical.
Com mais de 99% dos votos apurados, a legenda de José Antonio Kast (candidato que perdeu as eleições presidenciais de 2021 para o atual líder do país, Gabriel Boric) teve mais de 35% dos votos, segundo dados do Serviço Eleitoral do Chile (Servel).
Com isso, o partido contribuirá com 22 dos 51 deputados (50 representantes dos partidos políticos e um dos povos indígenas) que terão a tarefa de redigir uma nova Constituição ao longo do ano.
A coalizão de esquerda de Boric, Unidade para o Chile, obteve 28% dos votos e 17 deputados, menos que os 21 que lhe dariam o direito de veto no processo de redação da Carta Magna.
Uma vitória-chave
As coligações de direita e centro-direita terão 33 deputados no total, o que lhes dá ampla autonomia para redigir a Carta Magna que será submetida a plebiscito em substituição à atual, aprovada em 1980.
Além disso, a vitória do partido de direita radical é considerada especialmente simbólica, num momento em que a popularidade do governo de Boric está em baixa.
A votação teve ainda grande número de votos nulos e brancos, que ultrapassou 2,2 milhões, mais de 21% do total.
O pleito foi realizado em 38.665 seções eleitorais distribuídas em 2.932 locais de votação em todo o Chile.
Os 51 membros do Conselho devem redigir uma nova proposta de Constituição para substituir a promulgada durante o regime militar do general Augusto Pinochet.
Esta é a segunda tentativa, já que em setembro do ano passado os eleitores descartaram uma primeira proposta com 62% de votos contra.
Esse texto constitucional havia sido redigido por uma comissão dominada por representantes de esquerda e independentes. A derrota desse grupo levou a uma reconsideração da estratégia para concretização de uma nova Carta Magna.
As reações
Após a divulgação dos resultados, Kast discursou em Santiago do Chile diante de seus partidários, aos quais dedicou o “triunfo” de seu partido.
Ele garantiu que a vitória deste domingo é “um sinal forte e claro do rumo que (os chilenos) querem para o nosso país”. Apesar disso, destacou que “não há o que comemorar, porque o Chile não está bem” e aludiu aos problemas econômicos e de segurança que afetam o país.
Boric, por sua vez, reconheceu a derrota que, garantiu, “foi marcada pela crise de segurança e de imigração que penetrou profundamente no espírito dos nossos compatriotas”.
O presidente convidou os partidos de direita que liderarão o novo Conselho Constituinte a “conseguir grandes acordos para nossa pátria”.