Campanha ‘Vá de lenço’ no Hemorio destaca importância da prevenção e diagnóstico precoce do câncer
No mesmo dia, menino Miguelzinho recebe alta do tratamento de leucemia rara
A última quinta-feira (6/2) foi um dia especial para os pacientes do Hemorio, principalmente para o menino José Miguel Borges, 9 anos, o Miguelzinho. Em meio ao lançamento da campanha ‘Vá de lenço’ no instituto, em função do Dia Mundial de Combate ao Câncer (4/2), o garoto recebeu alta do tratamento de um tipo raro de leucemia que ele fez por dois anos e oito meses. Enquanto Miguelzinho se despedia de médicos e enfermeiras que cuidaram dele nesses quase três anos, lenços para colocar na cabeça foram distribuídos a pacientes, familiares e profissionais de saúde com intuito de conscientizar as pessoas sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce para reduzir os impactos da doença.
Inserida no chamado Fevereiro Laranja, mês de conscientização sobre o tratamento de leucemia, a campanha tem como objetivo incentivar a população em geral, hospitais e demais instituições do ramo, artistas, organizações de apoio ao paciente e empresas para que postem fotos usando um lenço, marcando a #vádelenço. Também estimula que se compartilhe iniciativas de prevenção do câncer, que está entre as principais causas de morte no mundo. A iniciativa da ação é uma parceria do Hemorio com a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale) e o Instituto Quimioterapia e Beleza em apoio aos pacientes em tratamento.
“A campanha é um ato de solidariedade e incentivo aos pacientes na jornada do tratamento. É uma forma de naturalizar o uso do lenço”, explica Késia Silva, representante da associação que participou da distribuição da indumentária por vários setores do Hemorio.
E enquanto a ação ‘Vá de Lenço’ acontecia, a emoção aflorava entre familiares de Miguelzinho. O menino fez exame de sangue e passou por consulta médica para receber alta do tratamento no Hemorio. Como não poderia deixar de ser, a mãe dele, Rose Pereira Borges transbordava de felicidade, assim como os demais parentes que foram até o instituto comemorar a nova fase da vida do garoto. Após a alta do tratamento da leucemia, ele continuará o acompanhamento pelos próximos cinco anos, até receber o diagnóstico que está definitivamente curado.
“É o dia mais esperado por todos nós. O coraçãozinho aqui tá que não consegue se segurar. Nós nunca esperávamos ter um diagnóstico desses, né? Ele passou por várias internações, várias sessões de quimioterapia oral e venosa, mas sem nunca perder a esperança e sempre com muita fé e pensamento positivo de que ficaria bem”, disse Rose em meio a um grande sorriso.
Durante todo o tratamento, Miguelzinho foi um verdadeiro guerreiro, demonstrando força e perseverança. Mesmo tomando tanto remédios – havia dias em que chegava a ingerir 18 comprimidos – Rose lembra que o filho sempre ressaltava, quando as pessoas falavam para ele que tudo daria certo: “Que nada, já deu certo!”, respondia na hora. No dia em que recebeu alta, a frase estampada nas camisas que Miguelzinho e os parentes usavam resume bem o espírito com que o menino enfrentou o grande desafio de sua vida: “O câncer escolheu o cara errado”.
Agora, o menino espera voltar ao convívio dos amigos e amigas da escola do 4º ano do Ensino Fundamental, em uma unidade municipal de Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio. As aulas já começam no dia 10 de fevereiro.
O alto astral e a positividade de Miguelzinho são contagiantes e foram preponderantes para que o tratamento fluísse com sucesso. A chefe do Setor de Pediatria do Hemorio, a hematopediatra Daniela Leite, destacou a importância do comprometimento de Miguelzinho e de sua mãe. Segundo ela, o começo do tratamento da doença foi primordial para evitar maiores problemas, devido ao tipo de leucemia ser muito raro.
“O Miguelzinho encorajou toda nossa equipe e isso também provoca reflexo positivo nas esperanças de outros pacientes. Ele não deixou de ser criança e se manteve sempre alegre”, ressaltou a médica.
A vida ao longo de quase três anos mudou para a família de Miguelzinho. Mãe solo, Rose lembra que precisou deixar o emprego para poder se dedicar integralmente ao tratamento do filho. Mas diz que contou com grande apoio dos parentes e amigos.
“Hoje, estou aliviada. Nós vencemos essa etapa”, afirmou.
Os planos para o futuro são promissores. O menino já vislumbra o que quer fazer quando crescer. “Eu quero ser médico, quero ser pediatra para poder cuidar das crianças, assim como os médicos cuidaram de mim. Quero ser o Doutor José Miguel”, disse o garoto, que atualmente tem uma forte atuação como influencer nas redes sociais fazendo campanha que estimula a doação de sangue e destaca a importância do diagnóstico precoce da doença.
Antes de ir embora, Miguelzinho recebeu a visita de uma turma muito especial: os super-herois da Liga da Justiça (voluntários que faz trabalho no Hemorio), e que por conta da coragem do menino demonstrada durante o tratamento, pediram que ele se juntasse ao grupo que reunia o Batman, Lanterna-Verde, Mulher Maravilha, Malévola e o Homem Aranha. Eles foram unânimes: “O Miguelzinho é um heroi da vida real”.
E o desfecho feliz foi coroado com Miguelzinho tocando um pequeno sino na hora de ir para casa, simbolizando que a etapa da quimioterapia está vencida.