A eleição para as presidências da Câmara e do Senado em oito momentos marcantes

As eleições para a presidência das Casas do Congresso Nacional foram de continuidade, com a recondução dos comandos do Senado Federal e da Câmara dos Deputados. Ainda assim, a disputa rendeu momentos marcantes, com “guerra” de mapas de votos, desistências de última hora, discursos acalorados e confusão na contagem das cédulas.

Na Câmara, Arthur Lira (PP) foi reeleito com votação recorde, confirmando as expectativas. O líder do Centrão teve mais de 92% dos votos. No Senado, a disputa se manteve indefinida até o último momento, no que ficou conhecido como o “terceiro turno” do pleito presidencial.

De um lado, o presidente Lula (PT) mobilizou a base governista e a Esplanada dos Ministérios para reeleger Rodrigo Pacheco (PSD), então favorito na disputa. Do outro, Jair Bolsonaro (PL) entrou em campo nos últimos dias para emplacar Rogério Marinho (PL). Mesmo assim, o governo federal levou a melhor: Pacheco foi reeleito com 49 votos.

Votação recorde

Reeleito por 464 colegas de Casa, Arthur Lira foi o presidente da Câmara mais votado da história. Até então, o recorde pertencia a Ibsen Pinheiro (PMDB), em 1991, e João Paulo Cunha (PT), em 2003 — ambos com 434 votos.

Ao contrário dos recordistas anteriores, que entraram sozinhos na disputa, Lira enfrentou dois adversários: Chico Alencar (PSOL) e Marcel Van Hattem (Novo). Enquanto o socialista recebeu 21 votos, o parlamentar gaúcho foi escolhido por 19 deputados.

Desistência de Girão

Senador pelo estado do Ceará, Eduardo Girão (Podemos) anunciou sua desistência da eleição para o comando da Casa durante o tempo que é reservado justamente para os candidatos que disputam o cargo.

Em discurso na tribuna, afirmou não ter conseguido viabilizar sua candidatura e defendeu o nome de Rogério Marinho (PL), que foi ministro do governo de Jair Bolsonaro (PL).

Guerra de placares no Senado

Enquanto o Palácio do Planalto contava com 46 votos na conta de Rodrigo Pacheco, o senador Flávio Bolsonaro (PL) e demais parlamentares bolsonaristas compartilharam, ao longo do dia, um placar onde a vitória de Rogério Marinho era certa. O ex-ministro teria 38 votos, contra 35 do então presidente da Casa. Ao fim da votação, Pacheco somou 49 votos, contra apenas 32 de seu adversário.

1º embate entre bolsonaristas e petistas

Petistas e bolsonaristas protagonizaram o primeiro embate na Câmara dos Deputados durante o momento que antecedeu as eleições. Deputados aliados do presidente Lula (PT) entoaram coro de “sem anistia”, frase usada para relembrar e cobrar punição aos culpados pelos atentados terroristas em Brasília, no dia 8 de janeiro. Ao mesmo tempo, bolsonaristas cantavam juntos o bordão “Lula ladrão, seu lugar é na prisão”.

Pessoas passam mal por conta do calor

Segundo brigadistas da Câmara dos Deputados, ao menos dez pessoas passaram mal por conta do calor e da superlotação durante a posse dos deputados federais. Benedito Lira, pai do presidente da Casa, Arthur Lira (PP), chegou a desmaiar no plenário e precisou ser levado para um hospital.

Confusão na contagem dos votos

Enquanto a Câmara dos Deputados utiliza um sistema eletrônico de votação, no Senado Federal o voto é manual. A modalidade rendeu momentos engraçados durante a contagem das cédulas.

Desconfiado, um dos senadores chegou a dizer para “deixar os votos aí”. Já na hora de anunciar qual nome constava em cada papel, houve uma confusão na contagem e um dos responsáveis pelo cálculo gritou: “Esse (papel) eu já falei”.

Quando Rodrigo Pacheco (PSD) já estava com 37 votos (são necessários 41 para a eleição do presidente do Senado), o aliado e companheiro de partido Omar Aziz anunciou “só (falta) quatro”.

Discurso duro de Arthur Lira

Dois anos após assumir o comando da Câmara dos Deputados com o apoio do então presidente Jair Bolsonaro, Arthur Lira fez um discurso duro ao ser reconduzido ao cargo. Em sua fala, o deputado teceu críticas severas aos atentados recentes contra a democracia, perpetrados por apoiadores do ex-chefe do Executivo Federal.

— Essa casa não referendará qualquer discurso ou manifestação que atente contra a democracia. Terá a rejeição do Parlamento, do povo brasileiro e o rigor da lei — afirmou.

Lira ainda reforçou que a “baderna de alguns” não irá abalar a democracia brasileira e deixou um recardo para os terroristas:

— Aos vândalos e instrumentadores do caos, nenhum regime político no Brasil irá prosperar sem a democracia. Jamais haverá Brasil sem eleições livres e voto popular. Jamais haverá Brasil sem liberdade.

Presença de Michelle

A ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro chegou ao Senado Federal para acompanhar a posse dos parlamentares eleitos no ano passado. Atuante pela eleição de Rogério Marinho, ela contestou a tese de que o marido, Jair Bolsonaro, teme ser preso:

Questionada, respondeu:

— Não é ele que tem que ter medo de ser preso — disse Michelle.

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