Vereadores e representantes de ONGs debatem políticas públicas para a juventude na Cidade de Deus
A discussão sobre os sonhos e as necessidades dos jovens cariocas norteou o penúltimo encontro do ciclo de debates “Extra Favelas”, realizado nesta segunda-feira (20/10), na quadra esportiva do Ciep João Batista dos Santos, na Cidade de Deus. Durante o evento promovido pelo jornal Extra com apoio da Câmara Municipal, parlamentares e representantes de Organizações Não Governamentais reafirmaram a importância do esporte e da cultura como instrumento de transformação.
Nascido e criado na CDD, José Carlos Ramos da Silva tem 50 anos e falou do papel que o esporte tem na sua trajetória. “Acho que deveríamos ter mais áreas de lazer aqui, oferecer mais esporte e cultura para a comunidade. Graças a Deus, eu trabalho com isso hoje, sou professor de jiu-jítsu. Com as aulas, você consegue tirar um monte de crianças que ficam na rua sem fazer nada. Claro que não podemos esquecer de cobrar do poder público mais dignidade para as favelas, saneamento básico, água e luz. Mas o esporte salva vidas, ele salvou a minha”, celebrou.
Presidente da Câmara do Rio, o vereador Carlo Caiado (PSD) acompanhou o debate e acrescentou que o Parlamento carioca vem criando leis voltadas para os jovens, como a Lei Nº 8.576/2024, que institui o sistema de esporte comunitário nas escolas, e a Lei Nº 8.976/2025, que estabelece o ensino do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA como atividade extracurricular nas unidades de ensino da rede pública municipal.
“É necessário ter políticas públicas focadas na juventude, principalmente no que diz respeito a empregabilidade, inclusão social, esporte e cultura. Precisamos criar projetos que a prefeitura possa aplicar nas comunidades”, apontou Caiado.
Cria da Cidade de Deus, o vereador Salvino Oliveira (PSD) tem 27 anos e sublinhou que o município vive um momento especial no que se refere à pirâmide etária da população, sendo urgente a construção de soluções tendo em vista o desenvolvimento dos jovens: “Nós estamos vivendo o nosso bônus demográfico, temos a maior população jovem da história do nosso país e da nossa cidade. Por isso, mais do que nunca temos que construir políticas públicas para que essa população não envelheça ociosa e tenha mais acesso a oportunidades”.
Sonhos e expectativas
Fundador da ONG Favela Mundo, que oferece cursos gratuitos de arte, esporte e educação em comunidades cariocas, Marcelo Andreotti convive diariamente com jovens. Para ele, o sonho e a esperança são o início de tudo, são eles que fazem o jovem se movimentar.
“Trabalhar com jovens é, não só entender as suas expectativas e desejos, mas despertar sonhos. A gente está em um momento em que a criança, o jovem, não sonha mais. Quando a gente chega em uma comunidade, a principal dificuldade é entender o que eles pensam, os seus planos para daqui a cinco, 10 anos. Temos que potencializar a força do jovem, potencializar tudo o que ele tem de bom dentro de si”, acredita Andreotti.
À frente do Instituto Casa Favela, Rennan Leta concordou: “Quando a gente fala de juventude periférica, moradora de favela, estamos falando de potências que muitas vezes não são exploradas. São potências que ficam ali em um ambiente que não é favorável para germinarem, mas com as ações certas elas podem se desenvolver”.
Comissões da Casa prestam atendimento
Presidente da Comissão de Defesa da Mulher da Câmara do Rio, a vereadora Helena Vieira (PSD), que também participou do debate, conversou com moradores sobre o trabalho do colegiado e disse que tudo o que ouviu hoje servirá para produzir novos projetos.
“Essa escuta é fundamental porque você consegue entender as necessidades da população e, a partir desse entendimento, é possível elaborar projetos de leis bem direcionados e eficazes para a comunidade. Pensando nas mulheres, por exemplo, temos que trabalhar ainda mais a questão do primeiro emprego”, afirmou.
Durante o evento, diversos servidores da Casa que atuam nas Comissões atenderam os moradores. Isabel Daltro foi uma delas, ela faz parte da Comissão de Defesa da Mulher. “Divulgamos os nossos canais de atendimento para que todas as mulheres possam tirar as suas dúvidas, sejam elas vítimas de violência doméstica, sexual ou até financeira. Nós também distribuímos uma cartilha com informações sobre os lugares em que a mulher pode buscar ajuda nesses casos.”
Realengo é a próxima parada do evento
O ciclo de debates “Extra Favelas” ainda terá mais um encontro com a presença de vereadores, gestores e assessores parlamentares para tirar dúvidas, ouvir demandas e sugestões da população. Fechando a programação, no dia (27/10) é a vez de se discutir “Trabalho e Renda” em Realengo.
Pesquisa
Para mapear como os moradores percebem sua realidade e quais são as demandas mais urgentes, o jornal Extra está aplicando uma pesquisa que abrange temas centrais para a vida nas comunidades, como saúde, educação, saneamento, transporte público, segurança, emprego e renda.
Nela, o cidadão pode dizer como enxerga aspectos ligados à sua qualidade de vida, entre eles opções culturais, esportivas e de lazer, além de questões estruturais, como iluminação pública e obras de contenção em áreas de risco, entre outras.
O formulário da pesquisa pode ser preenchido AQUI, na página do site do jornal Extra. O levantamento também será feito presencialmente, durante os eventos.