TSE livrou Bolsonaro de punição sobre lives após ter apontado impacto às vésperas da eleição
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) afirmou na terça-feira (17) que o uso dos palácios da Alvorada e do Planalto por Jair Bolsonaro (PL) para realizar lives e pedir votos nas eleições do ano passado não teve gravidade suficiente para configurar abuso de poder do ex-presidente —por isso, rejeitou duas ações do PDT que tratavam do tema.
Em 2022, porém, ao se debruçar sobre o mesmo tema, a corte deu uma decisão dura para proibir o ex-mandatário de fazer transmissões ao vivo de prédios públicos, sob o argumento de que a conduta representava um “impacto anti-isonômico” na disputa presidencial.
A ordem judicial de 2022 foi dada pelo corregedor-geral eleitoral, Benedito Gonçalves. Em setembro de 2022, ele determinou a exclusão das redes sociais das lives de Bolsonaro que haviam sido realizadas dos palácios e estipulou a multa de R$ 20 mil diária em caso de descumprimento da decisão.
“O fato em análise é potencialmente apto a ferir a isonomia entre candidatos e candidatas da eleição presidencial”, afirmou na ocasião.
Três dias depois, o plenário do TSE referendou a decisão. O caso, porém, dividiu o tribunal e o julgamento acabou em 4 a 3. O presidente da corte, Alexandre de Moraes, foi um dos votos a favor da manutenção do veto às lives nos palácios.
Nesta terça-feira, Moraes também seguiu Benedito Gonçalves contra a imposição de punição a Bolsonaro.
O presidente do TSE defendeu que não deveria ser aplicada uma sanção ao ex-presidente porque o tribunal vetou as lives durante a campanha e isso impediu o desequilíbrio nas eleições.
“Só não houve, a meu ver, uma repercussão maior que pudesse gerar uma desigualdade nas eleições graças à conduta do TSE, do ministro corregedor, que concedeu a liminar em 24 de setembro e o plenário, logo a seguir, dia 27, referendou, porque se não houvesse naquele momento, se fossem repetidas essas lives, isso certamente geraria a uma procedência e uma inelegibilidade”, disse.
A decisão mencionada por Moraes foi tomada depois de 38 dias de campanha e a menos de dez dias do primeiro turno do pleito.
Moraes votou contra as três ações analisadas na terça-feira. A primeira dizia respeito ao uso do Palácio do Planalto para uma live. O relator, porém, afirmou que não tinha provas robustas que indicassem o uso do local para a transmissão.
Além de Moraes, os ministros Kassio Nunes Marques, André Ramos Tavares, Floriano Marques, Raul Araújo e Cármen Lúcia seguiram esse entendimento.
O segundo processo dizia respeito a uma live no Alvorada em que Bolsonaro pediu votos para si e para aliados. Nesse caso, Benedito disse que ficou claro o uso da residência oficial do presidente e afirmou que houve “prática ilícita, mas sem gravidade para se convolar em abuso”.
“Assim, no caso específico, a conduta vedada, embora praticada, não atingiu a gravidade exigida para a configuração do abuso de poder político”, disse.
Araújo, Moraes, Kassio e Cármen acompanharam o relator. Floriano Marques, porém, abriu divergência e ficou vencido ao defender a imposição de multa de R$ 10 mil a Bolsonaro pelo episódio. Ramos Tavares, por sua vez, afirmou que o correto seria multar o ex-presidente em R$ 20 mil, mas sua posição também não teve maioria.