Triste recorde no Hospital Geral de Nova Iguaçu. Unidade registra mais de 3 mil atendimentos a vítimas de acidente de moto
Uma alarmante estatística vem chamando a atenção do Hospital Geral de Nova Iguaçu (HGNI). Dos 5.051 atendimentos às vítimas de acidentes de trânsito registrados em 2022, 3.282 foram a pacientes que pilotavam ou eram caronas de moto, o que representa 65% do total. É um aumento de 94% em comparação ao ano anterior (1.685 atendimentos) e de 97%, em relação a 2020 (1.658 atendimentos).
Os dados mostram que, em média, foram feitos nove atendimentos por dia a pacientes que sofreram acidente de moto. Cerca de 30% das vítimas precisaram de internação. Mais de 60% dos casos acontecem nos finais de semana e a maioria dos pacientes são encaminhados à emergência por não estarem em uso dos equipamentos de proteção para motociclistas na hora dos acidentes, como capacete, jaqueta, luvas, ou calçados adequados. Os diagnósticos mais comuns destes acidentes são fraturas de braços ou pernas, traumatismos de crânio, coluna, tórax, fraturas faciais, entre outros.
“Temos que conscientizar a população, seja por meio de campanhas educativas ou pelo diálogo com a sociedade sobre o uso dos equipamentos de proteção ao pilotar uma moto. O problema vai além do acidente, que é o risco de vida, do paciente ficar paraplégico ou com sequelas graves por algo que poderia ser evitado”, explica o diretor-geral do HGNI, Joé Sestello.
Foi justamente a falta do capacete que fez com que o vigilante Thiago Luiz Alves, de 39 anos, sofresse um traumatismo com afundamento do crânio. Ele pilotava a moto, quando perdeu o controle e bateu de cabeça em um ônibus, chegando à emergência do HGNI. Passou por uma cirurgia de emergência e, graças ao empenho das equipes médicas e de enfermagem, Thiago ganhou uma segunda chance de viver. Permanece internado, mas já conversa com seus familiares e lembra de partes do acidente.
“Sinto que eu renasci, com toda certeza. Me arrependo demais por não ter colocado o capacete na hora de dirigir. Que isso fique como lição para que os mais jovens tenham cuidado e utilizem o equipamento de proteção”, conta o vigilante. “Agradeço primeiro a Deus por tudo, aos médicos e enfermeiros do hospital pelo que fizeram para salvar minha vida”, completa, emocionado.
O técnico de laboratório, Lúcio Barros Garcia, de 55 anos, costuma utilizar moto para se locomover para o trabalho. Apesar de usar os equipamentos de proteção enquanto pilotava, ele sofreu um acidente em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, ao tentar ajudar um motociclista com reboque. Ficou internado no HGNI por quatro dias após sofrer fraturas na clavícula e joelho. Operou e recebeu alta na última segunda-feira (17).
“Fui ajudar a colega que estava com problemas, rebocando o veículo. Em um momento nossas motos colidiram e eu acabei caindo. Mesmo tendo as fraturas as coisas só não foram piores pois eu estava utilizando os equipamentos adequados. Acredito que se eu estivesse sem eles, com certeza as coisas teriam sido piores”, afirma.
Acidentes de trânsito disparam
O HGNI também registrou um crescimento no número de pacientes vítimas de acidente de trânsito. Foram 5.051 atendimentos em 2022, o maior já registrado pela unidade nos últimos cinco anos. É um crescimento de 88,6% se comparado a 2021 (2.677 atendimentos), e de 82,1% em relação a 2020 (2.772 atendimentos).
Além dos 3.282 atendimentos às vítimas de acidente de moto (65%), que lideram o ranking de ocorrências, também aconteceram 851 atropelamentos (16,9%), seguido por colisões de carro, com 597 atendimentos (11,9%), quedas de bicicleta, 161 registros (3,1%) e acidentes com outros tipos de veículos, com 160 casos (3,1%).