27 de agosto de 2025
NotíciasNotícias 24hs

Seguradoras no Brasil estão atrasadas na agenda climática, mostra levantamento

O setor de seguros está na linha de frente da exposição aos efeitos da mudanças climáticas, mas as seguradoras no Brasil parecem não ter despertado para as práticas socioambientais, mostra a primeira edição do Ranking de Atuação Socioambiental de Instituições Financeiras (RASA) dedicado ao mercado segurador.

Em uma escala de 0 a 100, a melhor pontuação foi a da seguradora espanhola Mapfre, com 12,4 pontos. Prudential, (9,35) e Bradesco (8,1), Zurich e HDI Talanx, nessa ordem, completam a lista das cinco primeiras colocadas.

Desenvolvido pela Associação Soluções Inclusivas Sustentáveis (SIS), o RASA já foi aplicado aos bancos comerciais em atuação no Brasil e também aos bancos de fomento nacionais. No caso do setor de seguros, foram analisados os mercados de cobertura de pessoas e danos e responsabilidades das 13 maiores seguradoras do país.

— O resultado é decepcionante pois o setor de seguros é muito relevante para a agenda climática. E mesmo aquelas empresas de atuação global, aqui elas apresentam desempenho inferior àquele que possuem em seu país de origem — diz Luciane Moessa, diretora executiva e técnica da Associação SIS (Soluções Inclusivas Sustentáveis).

Além de sofrerem efeitos pelo lado de sinistros que poderão ficar mais frequentes com o aquecimento global, as seguradoras são grandes investidores institucionais — adquirem títulos públicos e também títulos de dívida de empresas — o que lhes dá poder de influenciar essa agenda, aponta Luciane.

— As empresas estão deixando muito a desejar tanto na gestão de investimentos, onde a incorporação de fatores ambientais, sociais e climáticos é bastante tímida na maior parte dos casos, quanto na oferta de produtos de seguros: nem mesmo boas oportunidades de negócios nesse aspecto têm sido exploradas — afirma a diretora da Associação SIS.

Em uma tentantiva de esimular uma mudança de mentalidade na indústria de seguros, a Susep, órgão que regulamenta o setor, baixou uma norma, em junho do ano passado, que determinando que fatores ambientais, sociais e climáticos deverão ser considerados nos investimentos e na oferta dos produtos. As regras começam a valer em 2024.

Para elaborar o ranking, a Associação SIS consultou, entre maio e agosto deste ano, fontes públicas de informações como os sites das própria seguradoras, com suas políticas e relatórios, questionários CDP, formulários de referência entregues à CVM e também relatórios PRI (Principles for Responsible Investment) e PSI (Principles for Sustainable Insurance), quando existentes.

— Um dos pontos que mais chamou a atenção durante a coleta de dados deste ciclo foi a falta de transparência na divulgação dessas informações por parte das seguradoras, ainda menor do que para os bancos comerciais. Muitas não divulgam, por exemplo, qualquer informação sobre a composição de seu portfólio de investimentos ou ao menos como ele é gerido quanto a aspectos ASG. A oferta de seguros que viabilizem atividades econômicas “verdes” ou com impactos sociais positivos também é ainda quase sempre insignificante — diz Luciana.

Os dados foram enviados às seguradoras para que enviassem informações adicionais, o que poderia melhorar sua pontuação. Apenas três seguradoras se manifestaram, na maior parte das vezes relatando atividades filantrópicas ou de economia de energia e reciclagem nos escritórios — informações irrelevantes para a metodologia, que analisa apenas as carteira de seguros e de investimentos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *