Protesto no sul do Peru deixa ao menos 1 morto, e caravanas chegam a Lima

No mesmo dia em que centenas de manifestantes chegaram à capital do Peru, Lima, para protestos contra o governo de Dina Boluarte, novos confrontos no sul do país entre forças de segurança e apoiadores do ex-líder Pedro Castillo deixaram ao menos um morto nesta quarta-feira (18).

Autoridades informaram que uma mulher de aproximadamente 35 anos chegou já sem vida ao hospital na cidade de Macusani, a cerca de 250 km de Puno, atual epicentro dos protestos. Imerso em convulsão social desde a queda de Castillo, no mês passado, o Peru já registrou ao menos 50 mortes desde o início dos atos contra o governo.

Logo após a morte da mulher, uma multidão incendiou a sede do Judiciário e uma delegacia de Macusani —policiais que trabalhavam no local tiveram de ser resgatados com a ajuda de um helicóptero.

O embate ocorreu um dia antes de uma marcha que deve reunir milhares de apoiadores de Castillo na capital, Lima, em protesto contra o governo Boluarte. O ato, batizado de “Tomada de Lima”, é organizado pela Confederação Geral de Trabalhadores do Peru.

Alguns dos manifestantes pernoitam na capital em colchonetes colocados sobre o chão de cimento de um escritório cedido por um grupo de esquerda próximo à praça Bolognesi. Outros se instalaram no campus da Universidade Nacional Maior de San Marco, fundada em 1551 e uma das mais antigas do continente.

“Viemos da província de Chumbivilcas [próximo de Cusco] para defender nossos direitos. Vamos fazer ouvir nossa voz. Somos tremendamente esquecidos”, disse à agência de notícias AFP o camponês Edwin Condori, 43, que se mostrava exausto devido à viagem.

Os manifestantes partiram principalmente de Cusco, Ayacucho, Cajamarca, Puno e Andahuaylas, regiões que registraram votação expressiva para Castillo nas eleições de 2021. Eles exigem a a renúncia da atual chefe do Executivo, a dissolução do Congresso, mudanças na Constituição e a libertação do ex-líder.

Forças de segurança foram colocadas em alerta máximo. No último domingo (15), autoridades decidiram prolongar o estado de emergência em quatro províncias e três regiões do Peru, incluindo Lima. O decreto permite, entre outras coisas, que o Exército se junte à polícia no monitoramento dos protestos.

Os atos contra Boluarte foram retomados depois de uma trégua de duas semanas para as festas de fim de ano. Na semana passada, diante da escala de violência, o Ministério Público do Peru anunciou a abertura de uma investigação preliminar sobre diversas autoridades, incluindo a presidente e o primeiro-ministro Alberto Otárola, suspeitos de terem cometido os crimes de genocídio, homicídio qualificado e lesões graves na repressão aos protestos que tomam o país.

Pressionada, Dina já descartou renunciar ao cargo. Segundo o governo, os protestos têm reunido extremistas e guerrilheiros ligados ao Sendero Luminoso, que espalhou terror no Peru entre os anos de 1980 e 2000.

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