Presos do Rio produzirão suas próprias refeições em projeto piloto em dez presídios

As quentinhas nos presídios do Rio — que no passado já estiveram no centro de escândalos de corrupção — podem estar com os dias contados. A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) quer que os presos passem a produzir suas próprias refeições. E, num projeto piloto, até o início do ano que vem pretende inaugurar cozinhas com refeitório em dez presídios. A ideia, ressalta a secretária Maria Rosa Lo Duca Nebel, é melhorar a qualidade da alimentação, ao mesmo tempo em que se dá um passo para tirar os custodiados da ociosidade:

— A iniciativa vai além do consumo das refeições de modo mais humanizado. O que o preso mais quer é produzir, seja com um trabalho ou numa ação educacional.

Num primeiro momento, ao menos 300 presos com bom comportamento serão selecionados para exercer diferentes funções nas cozinhas, que vão atender cerca de 13 mil pessoas. Eles vão receber pelo trabalho (a legislação permite pagamentos de três quartos de um salário mínimo) e contarão com a remissão da pena: a cada três dias de serviço, terão um dia a menos de privação da liberdade.

— A oferta de atividades laborais dentro das unidades prisionais é um dos pilares da política de segurança pública do governo. Oferecer oportunidade para que eles participem da produção das próprias refeições terá um impacto muito positivo nesse processo — diz o governador Cláudio Castro.

Talavera terá cozinha

 

Unidades como a Penitenciária Talavera Bruce, destinada ao público feminino, e quatro presídios acompanhados pela Corte Interamericana de Direitos Humanos serão os primeiros a receber o projeto. As cozinhas produzirão as refeições no modelo cook and chill, semelhante ao utilizado numa das principais redes de restaurantes internacionais que operam no Brasil. Nele, a comida congelada passa por um processo conhecido como regeneração, de forma que pareça sempre fresca.

Subsecretário de Administração da Seap, Alexander Maia ressalta, no entanto, que também haverá estrutura para preparos convencionais. Os refeitórios, diz ele, parecerão com bandejões universitários ou restaurantes populares. O edital para construção dos novos espaços já foi publicado e está em fase de consulta de preços, com previsão de licitação em meados deste ano.

— Apesar de um custo inicial para implantação das cozinhas (a estimativa é de R$ 10 milhões para cada uma), elas respondem a uma série de demandas positivas e importantes para a Seap. Em médio e longo prazo, os contratos de fornecimento de alimentação acabarão mais baratos para o estado — diz Alexander.

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