Pastora morta por bala perdida empurrou filha para dentro de casa antes de ser atingida; família iria se mudar nesta sexta

A pastora evangélica que morreu após ser atingida por uma bala perdida na Gardênia Azul, Zona Oeste do Rio, conseguiu salvar a filha do tiroteio antes de ser baleada na noite desta quinta-feira (22).

Marta Gomes, de 43 anos, voltava do mercado quando o confronto entre criminosos rivais começou na localidade do Marcão. Um dos filhos contou ao g1 que a mãe empurrou a garota para dentro do quintal instantes antes de ser atingida pelos disparos.

“Ela morreu na porta de casa. Empurrou minha irmã para dentro e quando foi entrar acabou baleada”, contou o jovem.

 

Marta foi atingida na cabeça e nas costas. Ela foi levada por vizinhos para a UPA da Cidade de Deus, onde morreu. Ela tinha se casado recentemente e deixa 8 filhos e netos.

O tiroteio entre traficantes e milicianos foi muito intenso. A região é dominada pela milícia e tem sido alvo de investidas de traficantes do Comando Vermelho, que querem o domínio territorial para a venda de drogas.

A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) investiga o caso. Agentes estiveram na comunidade, nesta sexta, para fazer uma perícia complementar e outras diligências.

Da casa própria para o aluguel

A família ia se mudar da Gardênia Azul para a Cidade de Deus nesta sexta-feira (23). O filho de Marta explicou que a mãe estava com medo dos constantes confrontos que vêm acontecendo na região — já que há uma disputa entre criminosos.

A casa onde ela morava no Marcão era própria, mas a família ia passar a pagar aluguel para se afastar um pouco da violência urbana e dos tiroteios. Marta pretendia se mudar para um apartamento na Estrada do Gabinal.

Após a morte, a família pretende seguir com a mudança de endereço. “Não vamos conseguir voltar porque aquele lugar lembra muito ela”, explicou o jovem.

Querida pela comunidade

Marta e o marido — Foto: Reprodução
Marta e o marido

 

A família contou que Marta era muito querida onde morava e conhecida por todos. Ela liderava uma escolinha de futebol para as crianças da comunidade — onde os filhos também jogavam.

“Todo mundo a amava”, destacou o rapaz.

Além disso, ela era liderança atuante dentro da igreja e tinha muito contato com jovens que buscavam a religião.

“Ela estava ajudando vidas, para a gente ser meninos e meninas melhores”, afirma o filho.

 

Mesmo tão querida, a família encontra dificuldades para a realização do enterro. De origem humilde, eles ainda tentam arrecadar o valor necessário para pagar a cerimônia. Na noite desta sexta (23), eles ainda precisavam de R$ 700.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *