8 de julho de 2025

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Parada LGBT+ em SP tem ‘exército’ de leques, hino nacional, Marco Nanini e defesa do direito de envelhecer com dignidade

O evento reuniu milhares de pessoas na Avenida Paulista na tarde deste domingo (22). A cantora Ludmilla foi a última atração anunciada da Parada. Pelo segundo ano seguido, o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), não compareceu ao evento — ele está na Itália.

Não teve jeito: a principal atração da 29ª Parada do Orgulho LGBT+ em SP foram os leques. Já famosos em grandes eventos do país — como, mais recentemente, o show de Lady Gaga em Copacabana —, o acessório formou um verdadeiro exército na Avenida Paulista.

Neste ano, os organizadores convocaram o público a levar seus leques. Mais do que um acessório de moda, o item se tornou um símbolo de resistência e expressão para a comunidade.

A 29ª edição tem como o tema o envelhecimento da população LBGT+ com o tema “Envelhecer LGBT+: Memória, Resistência e Futuro”. Com isso, muito idosos estiveram presentes no evento, entre eles o ator Marco Nanini, que marcou a TV brasileira com o personagem Lineu Silva da Grande Família.

Ele foi aplaudido pelo público que estava no local. O ator, que é gay, segurava uma bandeira do Orgulho.

 

Marco Nanini na Parada LGBT+ de SP. — Foto: Luiz Franco/ g1

Marco Nanini na Parada LGBT+ de SP. — Foto: Luiz Franco/ g1

Segundo contagem da USP, às 13h58, de maior concentração do público, havia 48.747 pessoas na Avenida Paulista, com 5.849 mil pessoas para mais ou para menos. Em 2024, nosso cálculo foi de 73,6 mil pessoas (± 8,8 mil). Uma pessoa foi presa por roubo de celular.

Mas, apesar do tema, a grande maioria dos participantes do evento era formada pelo público mais jovem.

Como em todos os anos, famílias marcaram presença na Parada. Entre elas, estavam Jarbas Bitencourt e o fotógrafo Mikael Bitencourt. Casados há mais de 15 anos, este é o primeiro ano em que a filha deles, a pequena Antonella, participa do evento.

Hoje com um ano, Antonella é o primeiro bebê nascido com o DNA de dois pais no Sul do Brasil.

Jarbas Bitencourt e o fotógrafo Mikael Bitencourt se tornarem pais através de uma barriga solidária — Foto: Luiz Franco/ g1

Jarbas Bitencourt e o fotógrafo Mikael Bitencourt se tornarem pais através de uma barriga solidária — Foto: Luiz Franco/ g1

Envelhecer com dignidade e respeito

 

José Maria de Moraes e Rinaldo Vince. — Foto: Luiz Franco/ g1

José Maria de Moraes e Rinaldo Vince. — Foto: Luiz Franco/ g1

Com o tema “Envelhecer LGBT+: Memória, Resistência e Futuro”, esta edição da Parada reforçou a importância de construir um legado da população LGBTQ+, especialmente para as novas gerações.

“É importante lembrar às gerações mais novas, que também vão envelhecer, que a gente pavimentou esse caminho — e que muitas outras pessoas, que hoje não estão mais presentes fisicamente para falar sobre isso, sofreram as consequências de uma orientação”, disse José Maria de Moraes, de 65 anos, casado há 41 anos com Rinaldo Vince, de 61.

 

“Quem deu muito a cara à tapa foram as travestis, que até hoje sofrem muito mais preconceito — inclusive dentro da comunidade. Assim como as pessoas mais velhas também sofrem preconceito dentro da própria comunidade.”

O advogado Tiago Costa, de 33 anos, concorda e afirma que a população LGBTQ+, principalmente a gay, alimenta uma história de solidão na velhice por falta de referências.

“O imaginário do que é envelhecer parece ter sido negado às diversas siglas, em diferentes aspectos. Parece que não existe a possibilidade do envelhecimento, especialmente por causa da cultura da juventude, que valoriza consumir essa festa eterna em um período muito concentrado — como se houvesse um prazo de validade para isso.”

 

Mulher preta, gorda e bissexual, a atriz Isabela Moreira dos Santos, de 23 anos, afirma que não tem medo do envelhecimento, mas reconhece os desafios que essa fase impõe a quem pertence a múltiplas minorias.

“A gente precisa pensar no futuro de uma forma mais leve, mesmo sabendo que existem dificuldades.”

Para Isabela, ouvir as histórias de pessoas idosas LGBT+ é uma oportunidade de aprender sobre resistência e autocuidado.

“Aprendo resiliência com os idosos. Eles passaram por muita coisa para estarem aqui hoje. É uma chance de a gente olhar para o futuro de forma melhor.”

Os leques

 

Leques coloridos na 29ª Parada LGBT de SP. — Foto: Luiz Franco/ g1

Leques coloridos na 29ª Parada LGBT de SP. — Foto: Luiz Franco/ g1

Objeto que surgiu na China, com registros desde 3.000 a.C., criado originalmente para se refrescar, o leque foi adotado pela comunidade LGBTQ+ principalmente na arte drag e na cena ballroom — movimento cultural marcado por batalhas de dança no estilo vogue, que ganhou popularidade nos anos 1990 com a música e o clipe Vogue, da cantora Madonna.

Em 2022, com o lançamento do álbum Renaissance, no qual Beyoncé celebrou a house music e a cultura ballroom, os leques ganharam destaque e passaram a ser vistos em shows, boates e nas ruas — principalmente em eventos grandiosos, como os shows de Madonna e Lady Gaga no Rio de Janeiro.

“Entrou na nossa vida principalmente pelo show da Madonna no Rio. Pra gente, é pra espantar a homofobia do ar”, disse uma participante da Parada.

 

“Virou um símbolo de resistência LGBT. A gente usa como um verdadeiro simbolismo dentro da comunidade”, afirmou outra.

Aproveitando a campanha, muitos vendedores ambulantes estavam comercializando leques por até R$ 50.

Do G1

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